Ruth Vianna
Num texto publicado em
1999 na revista “Mulher Cristã”, intitulado “Pais para quê?”, Erma
Bombeck, em sua obra-prima “Quando Deus fez os pais”, narra o diálogo
entre um anjo e Deus. O anjo queria saber o porquê de o Criador estar
fazendo um pai tão alto. Dizia o anjo: “Senhor, desse jeito vai ser
muito difícil o pai jogar bola de gude com os filhos; vai ter de
ajoelhar-se; vai ter de curvar-se para beijá-los, para colocá-los na
cama. E para abraçá-los?”. Deus sorriu e respondeu: “É verdade. Mas se
eu o fizesse do tamanho das crianças, quem elas teriam para fazê-las
olhar para o alto?”.
O valor de um pai é imensurável, porque o que ele planta no coração dos
filhos fica para sempre, nada apaga. É um legado com raízes tão
profundas que nenhuma moeda no mundo, por mais valiosa que seja, poderá
substituí-lo, tampouco comprá-lo; porque amor de pai não se encontra nas
vitrines, somente no coração; porque pais são instrumentos de Deus
sobre a terra, para, junto à mãe, ensinarem aos filhos o caminho em que
devem andar; pais são provedores, alimentam, abrigam e protegem a sua
prole; pais são supervisores, estão sempre atentos ao comportamento dos
filhos; pais são educadores, nenhum pedagogo ou psicólogo pode
substituí-los; pais são disciplinadores, estabelecem limites. É bem
verdade que, infelizmente, alguns ignoram isso e negam a paternidade,
sequer desejam conhecer seus filhos. Mas as leis mudaram e hoje,
provado o vínculo paterno, são chamados à responsabilidade. As próprias
escolas já fazem isso, amparadas pela lei.
Na comemoração dessa data, órfãos ou filhos de pais ausentes; ou alguns
que não tiveram o privilégio de conhecê-los, costumam escrever para
eles, numa figuração imaginária. Confirmando isso, aqui está uma carta
enviada para o “Correio do Céu”:
“Oi, pai! Quanta saudade! Faz tanto tempo que você me beijou pela
última vez! Eu era tão pequena quando você partiu. Você estava com
trinta e três anos e foi sepultado no dia de seu aniversário. Coisas
assim os filhos nunca esquecem. Naquele momento eu não entendia muito
bem por que Deus o levou tão cedo; e às vezes me queixava com Ele, mas
logo pedia perdão, pois sabia que não podemos questioná-Lo. Sua imagem
permanece viva dentro de mim. São tantas lembranças! Lembro-me de você
me consolando quando meu primeiro dentinho de leite caiu; lembro-me de
você me levando de bicicleta para meu primeiro dia de aula no jardim da
infância, na cadeirinha que você mesmo fez; lembro-me de você me
carregando no colo, já sonolenta, após os cultos na igreja; lembro-me
daqueles mimos açucarados que você deixava ao lado do meu travesseiro
quando chegava do trabalho e me encontrava dormindo; lembro-me das
estórias contadas no quintal da nossa casa. Há uma cena então que sempre
me vem à mente: você me penteando quando mamãe não podia fazê-lo, e
colocando no meu cabelo cacheado aquele laçarote. Era hilário! Mas eu me
sentia uma princesa. Essa foto ocupa um lugar especial no nosso álbum
de família: eu e minha irmãzinha com laçarotes idênticos. Lembro-me
também de você me ensinando a orar e a entender o Milagre da Cruz. Pai,
as lições mais preciosas eu aprendi com você. Foi pouco o tempo que o
tive junto de mim, mas foi o meu melhor presente. Sou eternamente grata.
Sua bênção, meu pai. Feliz Dia dos Pais!”.
Nota:
A Irmã Prof.a Ruth Vianna,
é membro da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro, Pedagoga,
Escritora, Membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil – AELB.
Fonte: email enviado por OPBB
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