LOURENÇO STELIO REGA: SANTA IGNORÂNCIA
Santa ignorância
“Deus e o Evangelho merecem mais, merecem ser mais conhecidos. Os valores éticos bíblicos e cristãos necessitam ser compreendi-dos para serem praticados”
Tenho participado de diversos congressos e já se tornou comum a exaltação da ignorância no estudo da Bíblia e da Teologia, como se o aprofundamento nesses estudos fosse obra de desocupados, e até demonizados os que se ocupam com a tarefa de entender melhor a Bíblia, a Doutrina, a Exegese etc.
Confesso que é muito divertido ouvir uma pessoa tentando legitimar a argumentação, valendo-se de um conjunto de raciocínios do campo filosófico da Lógica. Assim, para afirmar a “desintelectualização” do Evangelho torna-se necessário usar o intelecto, o raciocínio, a lógica. Não há como fugir, porque até para tentar mostrar que a reflexão é inútil a pessoa necessita refletir. Algumas causas podem ser citadas sobre isso:
Em primeiro lugar, a época em que vivemos tem como um dos principais impulsores a valorização do indivíduo com suas opiniões pessoais. A compreensão da realidade e da verdade se inicia com ela e depende dela. É a era do velocímetro zerado da verdade. Isto é, nada antes pode ser legitimado se o indivíduo entender que não pode ser aceito. Foucault já dizia que o “homem é descoberta recente”, não como pessoa, mas como indivíduo. O que vale é a sua própria e individual opinião sobre as coisas, sobre a leitura da Bíblia, enfim. Por si mesma, a leitura que faço como indivíduo, é suficiente; nada mais basta. Nesse caso, a compreensão bíblica que temos hoje não se iniciou no passado com a construção da história da doutrina, mas no momento em que o indivíduo começou a pensar no assunto. Então, para que estudar História da Teologia, Exegese, Hermenêutica? A Bíblia já era como fonte da verdade, nós é que devemos dizer o que Deus é.
Em segundo lugar, e como consequência da causa anterior, o que vale é a minha experiência como indivíduo para determinar a verdade. Tenho uma experiência e vou buscar na Bíblia algum versículo que possa ser compatível com essa experiência, para dar um toque de sagrado no que estou sentindo. Novamente, o ponto de partida é a pessoa e não Deus e sua verdade.
Em terceiro lugar, para muita gente, o que vale é a atividade da igreja, a pregação, missões. Para que estudar se as pessoas estão morrendo sem Cristo? É o “vício” pragmático e utilitarista que herdamos dos que trouxeram o Evangelho para cá. Que tipo de evangelho e salvação estamos pregando? Será que levar a pessoa à salvação é tudo? E a vida dela no Evangelho, o crescimento cristão?
Nossa geração é uma geração “Power Point”. Basta tudo ser sumarizado, sem profundidade; vale a experiência, a opinião pessoal ou mesmo o ativismo. Deus e o Evangelho merecem mais, merecem ser mais conhecidos. Os valores éticos bíblicos e cristãos necessitam ser compreendidos para serem praticados. Vamos dar um basta a essa ignorância de Bíblia e Teologia.
Lourenço Stelio Rega
é teologo, educador e escritor.
Fonte: http://www.eclesia.com.br/revistadet2.asp?cod_artigos=1284
“Deus e o Evangelho merecem mais, merecem ser mais conhecidos. Os valores éticos bíblicos e cristãos necessitam ser compreendi-dos para serem praticados”
Tenho participado de diversos congressos e já se tornou comum a exaltação da ignorância no estudo da Bíblia e da Teologia, como se o aprofundamento nesses estudos fosse obra de desocupados, e até demonizados os que se ocupam com a tarefa de entender melhor a Bíblia, a Doutrina, a Exegese etc.
Confesso que é muito divertido ouvir uma pessoa tentando legitimar a argumentação, valendo-se de um conjunto de raciocínios do campo filosófico da Lógica. Assim, para afirmar a “desintelectualização” do Evangelho torna-se necessário usar o intelecto, o raciocínio, a lógica. Não há como fugir, porque até para tentar mostrar que a reflexão é inútil a pessoa necessita refletir. Algumas causas podem ser citadas sobre isso:
Em primeiro lugar, a época em que vivemos tem como um dos principais impulsores a valorização do indivíduo com suas opiniões pessoais. A compreensão da realidade e da verdade se inicia com ela e depende dela. É a era do velocímetro zerado da verdade. Isto é, nada antes pode ser legitimado se o indivíduo entender que não pode ser aceito. Foucault já dizia que o “homem é descoberta recente”, não como pessoa, mas como indivíduo. O que vale é a sua própria e individual opinião sobre as coisas, sobre a leitura da Bíblia, enfim. Por si mesma, a leitura que faço como indivíduo, é suficiente; nada mais basta. Nesse caso, a compreensão bíblica que temos hoje não se iniciou no passado com a construção da história da doutrina, mas no momento em que o indivíduo começou a pensar no assunto. Então, para que estudar História da Teologia, Exegese, Hermenêutica? A Bíblia já era como fonte da verdade, nós é que devemos dizer o que Deus é.
Em segundo lugar, e como consequência da causa anterior, o que vale é a minha experiência como indivíduo para determinar a verdade. Tenho uma experiência e vou buscar na Bíblia algum versículo que possa ser compatível com essa experiência, para dar um toque de sagrado no que estou sentindo. Novamente, o ponto de partida é a pessoa e não Deus e sua verdade.
Em terceiro lugar, para muita gente, o que vale é a atividade da igreja, a pregação, missões. Para que estudar se as pessoas estão morrendo sem Cristo? É o “vício” pragmático e utilitarista que herdamos dos que trouxeram o Evangelho para cá. Que tipo de evangelho e salvação estamos pregando? Será que levar a pessoa à salvação é tudo? E a vida dela no Evangelho, o crescimento cristão?
Nossa geração é uma geração “Power Point”. Basta tudo ser sumarizado, sem profundidade; vale a experiência, a opinião pessoal ou mesmo o ativismo. Deus e o Evangelho merecem mais, merecem ser mais conhecidos. Os valores éticos bíblicos e cristãos necessitam ser compreendidos para serem praticados. Vamos dar um basta a essa ignorância de Bíblia e Teologia.
Lourenço Stelio Rega
é teologo, educador e escritor.
Fonte: http://www.eclesia.com.br/revistadet2.asp?cod_artigos=1284
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