Fui apresentado à obra de C. S. Lewis pelo meu pai, que reunia todos os filhos ao redor da mesa para ler em voz alta a nova série de livros que havia trazido dos Estados Unidos. Para mim, a voz do narrador da série Nárnia sempre será a voz do meu pai. Tive a impressão na época que a experiência de ler aqueles sete livros conosco o mudou, incutiu nele uma lógica iluminada, de consequência leve e moral contraintuitiva. Meu pai nunca mais foi o mesmo, e nós também não.
Num mundo traumatizado por guerras continentais, C. S. Lewis concluiu que uma postura de mero ateísmo e cinismo era simplória e insustentável. Conseguiu vencer sua aflição por meio de um longo raciocínio que o levou a concluir, resignadamente, que o mito cristão é de fato verdadeiro. Passou o resto de sua vida navegando pelas profundezas do belo e do verdadeiro para despertar na imaginação dos leitores a convicção de que, de fato, o amor conquista tudo.
E acabou por tornar o mundo um lugar mais seguro para o cristão inteligente.
Sua morte na cidade de Oxford, no dia 22 de novembro de 1963, foi eclipsada pelo assassinato de John F. Kennedy, que ocorreu no mesmo dia. O New York Times, que normalmente teria destacado a morte de Lewis na primeira página, esperou três dias para publicar uma modesta nota fúnebre na página 19.
Observa-se o legado de Lewis pela vivência de milhões de leitores que exerceram a imaginação para descobrir verdades arrebatadoras. Sua contribuição passa pelos milhares de leitores que precisaram rever as suas convicções mais profundas pela lógica exposta por Lewis, que simplifica as teorias mais complexas, reduzindo-as às suas origens mais básicas e compartilhadas.
No livro Cristianismo puro e simples, Lewis escreveu: “Se descubro em mim algum desejo que nada neste mundo consegue satisfazer, a explicação mais provável é que fui criado para outro mundo”. Lewis continuará vivo, aqui e no além.
Fonte: http://www.blogmundocristao.com.br/index.php/50-anos-sem-c-s-lewis/
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