sábado, 25 de setembro de 2010

Arrependimento divino

(naham - arrependeu)

O verbo hebraico “arrependeu” (“naham”) foi traduzido na literatura bíblica portuguesa por “arrepender-se” ou “consolar”. “O termo naham que dizer ‘arrepender’ ocorre cerca de 40 vezes e “consolar” cerca de 65 vezes no Antigo Testamento. Os estudiosos dão várias opiniões no esforço de determinar o significado de naham, relacionando a palavra com uma mudança ou disposição do coração, uma mudança de mente, uma mudança de propósito ou uma ênfase na mudança da conduta pessoal”. Este verbo ocorre em alguns textos indicando sentimentos pessoais. Em Jz 21:15 retrata o sentimento que as onze tribos tiveram pela tribo de Benjamim no período de guerra civil, quando a tribo de Benjamim quase foi dizimada; então as demais tribos “tiveram compaixão” (naham). E em Gn. 24:67 afirma que Isaque foi “consolado” (naham) quando se casou, depois da morte de sua mãe, Sara. O verbo naham aqui trata do sentimento ou amor pela esposa.
No hebraico o verbo (naham) ocorre no pual, hitpael, mas especialmente, no nifal e piel. O verbo reflete a idéia de “respirar profundamente” “e, por conseguinte, a manifestação física dos sentimentos da pessoa, geralmente tristeza, compaixão ou pena” . Define-se naham como: Arrepender-se, ter pena, consolar, ter compaixão, lamentar, ter tristeza ou ser consolado.
O uso no termo Antigo Testamento está relacionado ao “arrependimento” de Yahweh (SENHOR) em textos centrais Gn. 6.6,7; Ex. 32.12,14; I Sm. 15.11,35 e Jn. 3.10. Nestas quatro ocorrências o verbo hebraico está no passivo, nifal. Isto é, o sujeito sofre ação. Neste caso Deus é o sujeito que sofre ação. Propõe-se afirmar neste ensaio exegético que Deus reage arrependendo-se devido o comportamento de suas criaturas.
A primeira ocorrência de ‘arrependimento divino’ é devido à desobediência e atitude humana para com Deus; “então se arrependeu o SENHOR de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou o coração” (Gn. 6:6). A reação de Yahweh é de “arrependimento” por que a humanidade praticou violência e corrupção. “arrependimento” aqui é sentir tristeza e pesar diante da situação de decadência espiritual da humanidade. Deus não está “arrependido” por ter criado o homem sobre a terra; e assim cometido uma falha; mas apenas mostrando o seu desprazer diante da corrupção e violência de suas criaturas. O arrependimento divino pode ser visto como a tristeza e pesar divino diante da civilização violenta e corrupta.
Certamente, que há tristeza e pesar no coração divino diante da situação de violência e corrupção que se estabeleceu no mundo e em nosso país neste momento histórico. E, assim, como Deus atuou naquele momento histórico, fará o mesmo com nossa geração violenta e corrupta. Mas promete livramento e salvação para os fieis.
A segunda, ocorrência central encontra-se em Ex.32.14 “então se arrependeu o SENHOR do mal que dissera havia de fazer ao povo”. Os israelitas no deserto desobedeceram a Deus ao fabricar um bezerro para adorar e servir; e, caíram na idolatria e prostituição. Neste incidente Deus fala a Moisés que vai consumir seu povo com ira e fazer dele uma grande nação. E Moisés intercede diante de Deus que perdoe e restaure seu povo. Moisés apela lembrando a Deus de dois fatos importantes, o primeiro, lembra de tua honra diante dos egípcios. “por que hão dizer os egípcios: Com maus intentos os tirou, para matá-los nos montes, e para consumi-los da face da terra” (Ex. 32:12a). Moisés está apelando ao bom-senso e honra divina que considere a sua honra diante do Egito. Ou seja, o que os egípcios diriam de sua honra e intento. Segundo, apela para as promessas de Deus no passado “lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel, teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado, e lhes dissestes: Multiplicarei a vossa descendência, como as estrelas do céu, e toda esta terra de que tenho falado, dá-la-ei à vossa descendência, para que a possuam por herança eternamente”. Moisés apela para que Deus considere suas promessas do passado aos patriarcas, de descendência e terra. Após este apelo, Deus reage com sentimento de compaixão pelo seu povo. Arrependimento aqui é sentir compaixão e conferir perdão. Neste caso o verbo naham encaixa melhor num contexto de compaixão do que de mudança. Sendo assim, Deus reage passivamente sentindo compaixão e perdoando seu povo.
O povo de Deus deve saber que Yahweh (SENHOR) é Deus de compaixão pelo seu povo até mesmo em momento de ira.
Terceiro, a palavra (naham) ocorre quando Deus convida Saul para destruir totalmente os amalequitas, e este obedece apenas parcialmente a ordem divina. “ E Saul e o povo pouparam a Agague, e o melhor das ovelhas e dos bois, e os animais gordos e dos cordeiros e o melhor que havia, e não os quiseram destruir totalmente; porém toda coisa vil e desprezível destruíram” (I Sm.15:9). Em I Sm. 15.11,35 o termo naham (arrependimento) é usado para indicar a reação de descontentamento e desprezo de Yahweh diante do comportamento de Saul. O verbo naham está no nifal, isto é, passivo. Onde Deus é o sujeito passivo da ação. Naham deve ser vista aqui como “sentir pena” ou “lamentar’. O sentimento interior de Deus é de lamento e desprezo diante do comportamento de Saul. E, não uma atitude divina de “arrependimento” por ter cometido um erro em eleger Saul rei. E, sim, o descontentamento pelo fracasso administrativo e espiritual de Saul.
O povo de Deus deve estar ciente de que obedecer a palavra de Deus parcialmente acarreta no lamento e desprezo do Senhor.
E por último, no livro de Jonas o Yahweh promete derramar sua ira destrutiva sobre os ninivitas que, eram pecadores sanguinários e violentos. Mas, antes de derramar sua ira sobre eles, o Senhor envia o profeta Jonas para avisar do perigo iminente. A reação dos ninivitas foi de “conversão” – Shuv (Jonas 3.8). Shuv é o termo hebraico para “conversão, arrependimento e volta” para Deus depois de reconhecimento de pecado. Shuv é a palavra usada para o arrependimento humano em retornar a Deus, e indica contrição, mudança e confissão. “Viu Deus o que fizeram como se converteram do seu mau caminho: e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o fez” (Jonas 3:10). Após esta atitude de mudança dos ninivitas, a reação passiva de Yahweh foi de consolo. Neste caso o termo (naham) “arrependimento” divino deve ser visto como o consolo de Yahweh diante da conversão (shuv) transformadora dos ninivitas. Yahweh não derramou sua ira por que foi consolado pela atitude de conversão dos pecadores.
O povo de Deus deve ter consciência de que qualquer pecador que chega a ele em arrependimento (shuv), mudança e contrição tem a promessa do consolo restaurador do Senhor.
Conclui-se que o termo “arrependimento” (naham) atribuído a Yahweh, define-o como Deus de sentimento e que se compadece de suas criaturas; que não muda seus propósitos soberanos diante dos acontecimentos e circunstâncias na vida de suas criaturas. O termo trata dos sentimentos interiores de Yahweh e não de mudança dos seus propósitos soberanos que são eternos e imutáveis. Pode-se contar com Yahweh que tem propósitos eternos e imutáveis; mas também que tem sentimento, afeição e amor pelo seu povo.

Pr. Hartman Mangueira de Souza.

Um comentário:

Sandro disse...

Mano,

Seu blog está bom.
Se quiser alguma orientação em algo específico, estou a disposição.

Abraços,

Sandro
http://oreinoemnos.blogspot.com/

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