terça-feira, 19 de junho de 2012

Meu filho não entende o que eu falo

Deus me presenteou com três filhos maravilhosos! Minha primogênita está com 21 anos. Meu filho do meio completou 19 e minha caçulinha tem 16.
Com todos eles, sem exceção, repetidas vezes usei essa frase: “Meu filho não entende o que eu falo”. Lembro-me de uma ocasião em que fui buscar uma das minhas filhas na escola. O percurso ida e volta somava 20 Km. Em minha caderneta anotei alguns “pontos de crescimento” que eu precisava passar para ela! Depois de alguns minutos de quebra gelo, lancei algumas perguntas para provocar sua reflexão e com isso chegar ao assunto sem assustar. Percebi logo no começo que a estratégia não daria certo. Ela ficou na defensiva e não demorou para entrar na ofensiva! Ficamos alterados um com o outro e impossibilitados de uma comunicação saudável. Entramos no apartamento irritados um com o outro e nossa comunhão ficou interrompida por pelo menos quatro dias. Minha esposa não falou nada; e nem precisava! Sua olhada encarando-me por alguns segundos foi suficiente para eu me sentir ainda mais irritado, triste e perplexo, tentando entender o que havia acontecido.

Depois de um bom tempo fazendo um “replay” do episódio, tomei a iniciativa e chamei minha filha para restabelecermos a comunicação e resolvermos o conflito. Tudo voltou ao normal! Mas, a perplexidade aumentou ainda mais quando compartilhei o que havia acontecido, em nossa devocional familiar, e os outros dois filhos abriram seus corações, em amor, para revelar o medo, receio, insegurança que tinham de conversar comigo. Uauu! E agora David?
Afinal! São os filhos que não entendem o que falamos ou somos nós, pais, que não sabemos nos comunicar? Por que pais filhos tem encontrado tanta dificuldade na comunicação? O que fazer para melhorar a qualidade do diálogo na família? Como podemos de forma bíblica e criativa resolver os conflitos que surgem na relação? Creio que você concordará comigo que essas perguntas são profundas e absolutamente necessárias para compreensão do nosso tema! Valeria a pena separar um dia inteiro, num retiro a sós com Deus, para mergulhar em cada uma delas, buscando ouvir dEle as respostas. Na condição de um pastor que tem trabalhado com a mentoria e pastoreio de casais e famílias a vários anos, senti-me na obrigação de refletir sobre a experiência que tive com minha filha, para identificar e aprender com meus  erros e acertos e com isso tomar algumas medidas preventivas. Aqui estão algumas descobertas, lições e princípios que, se entendidos e aceitos, certamente farão muita diferença em sua relação com os filhos:
Conflito de gerações: “Homens são de marte, mulheres são de Vênus”,  é o título de um livro escrito por John Gray, que procura retratar as diferenças gritantes existentes entre homens e mulheres que fazem com que se comuniquem como se fossem de outro planeta. E os filhos são de onde? Quem sabe sejam da terra! Talvez seja essa a razão deles não entenderem o que você fala! Brincadeiras à parte, o fato é que, em nossas relações humanas lidamos com distância astronômicas e, no dia a dia, nem fazemos ideia do quanto isso tem interferido em nossa comunicação. Pais e filhos não apenas pensam de forma de diferente, como também vêem, sentem, reagem e desejam coisas diferentes. É como se ambos fossem de outro planeta falando uma língua “estranha” que precisa de interpretação. Bem vindo ao conflito das gerações! Por um lado temos os pais com sua vasta experiência, valores, princípios, tentando mostrar aos filhos como viver de forma sábia errando o menos possível, para a construção de um futuro seguro e abençoado por Deus. Em lado oposto estão os filhos crescendo em um contexto influenciado pelo materialismo, globalização, consumismo, bombardeados por um universo de informações de toda espécie na internet e por uma mídia que prega e apela para o culto ao corpo, para a liberação sexual e independência irresponsável. Aqui está, pai e mãe, seu primeiro desafio para não ficar tão estressado e frustrado na comunicação com seus filhos:
A. Entender e aceitar com prudência essas diferenças, buscando discernir o tempo que vivemos à luz das Escrituras.
B. Firmar os fundamentos da verdade em sua família e no Espírito, em amor, jamais negociar os valores do Reino de Deus.
C. Usar a criatividade para sintonizar a frequência desses dois mundos, liderando pela relação e influência e nunca pela coação, imposição,  manipulação ou chantagem.
Qualidade na comunicação: Seu filho precisa entender e aprender ouvir sua voz. Pv 1:8 diz “Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe”. Um pouco mais na frente lemos: “O filho sábio atende a instrução do pai, mas o escarnecedor não ouve a repreensão” (Pv 13:1). Sendo assim, não abra mão do seu dever e compromisso de ensinar, educar, repreender e corrigir seus filhos. Deixar de fazer isso é abdicar desse ministério maravilhoso que Deus lhe confiou. Contudo, se sua realidade é a de um pai ou mãe, que não consegue fazer sua voz ouvida e entendida, é preciso parar e identificar quais são os obstáculos na comunicação com seu filho. Aqui vão algumas dicas:
A. Seu filho não vai escutá-lo se não houver uma boa base de relacionamento com ele: Há muitos filhos “órfãos” de pais vivos! Embora vivam juntos debaixo do mesmo teto, a relação que desenvolvem é fria, superficial, hierárquica, pautada por regras, limites exagerados e um ambiente tedioso. O estilo de vida corrida e complicada no trabalho, ministério, nas finanças e até mesmo na igreja, tem roubado o tempo de qualidade que os pais deveriam dedicar em casa, investindo no relacionamento comprometido e saudável com seus filhos. Eles precisam sentir que você é um pai-amigo ou uma mãe-amiga, que faz tempo para estar na companhia deles. Que tem prazer em, sem pressa, ouvir “abobrinhas”, jogar conversa fora, passear, brincar, curtir a realidade de ser família. Esse tipo de relacionamento demanda tempo. Seus filhos precisam saber e sentir que em sua agenda eles são indispensáveis! Se não investirmos tempo na companhia dos nossos filhos quando ainda pequenos, dificilmente eles vão desejar a nossa quando tornarem-se adolescentes.
B. Seu filho não vai escutá-lo se não sentir-se amado por você: Eu nunca tive dúvidas do amor que tenho pelos meus filhos. Mas, é possível haver uma distância gigantesca entre o amor que declaramos ter e a realidade deles sentirem-se amados. Os sentimentos sempre são válidos! Eles podem estar embasados em coisas que não são reais e verdadeiras, mas, mesmo assim, são legítimos, devendo ser respeitados e valorizados. Se você perguntasse aos seus filhos o quanto se sentem amados por você, que resposta você acha que receberia? Se quiser mesmo saber a resposta para essa pergunta, peça alguém para fazê-la em seu lugar! Talvez você ouça que eles se sentem pouco amados. Isso não significa que você não os ame, apenas mostrará que, por alguma razão eles não estão sentindo seu amor. Esse é o ponto aqui! Corra atrás para entender o que está acontecendo e com urgência tomar as providências em relação a você e seus filhos. Pense nisso como aquela “luz amarela” que está acendendo e precisa parar para descobrir onde está o problema.
C. Seu filho não vai escutá-lo se houver déficit emocional na relação: Fiquei surpreso algum tempo atrás quando identifiquei feridas paternas em meu coração. Elas foram causadas de forma involuntária por meus pais. Sei que não havia neles a intenção de me ferir. Porém, a maior descoberta foi perceber que eu estava procedendo da mesma forma, ferindo meus filhos emocionalmente! Deus nos deu a responsabilidade de expressar o amor fundamental em nossa família. Isso na prática acontece quando comunicamos nosso amor por meio do toque, do cheiro, do abraço, da qualidade de tempo dedicada a eles, da verbalização, afirmação e demonstrações frequentes do valor que lhes atribuímos. Quando crianças crescem sem esse investimento, fica um vazio grande em seu coração, um déficit, uma necessidade, carência que mais cedo ou mais tarde virá à tona na forma de uma dor, revolta, raiva ou fuga. Isso bloqueia por completo qualquer tentativa de comunicação bem sucedida. Acredite, se seus filhos estiverem feridos com você, por mais precioso que seja seu conselho, eles terão muita dificuldade de ouvi-lo!
D. Seu filho não vai escutá-lo se você não souber falar a linguagem dele: Comunicar é uma arte, um desafio, uma habilidade que precisamos desenvolver. Eu sei que estou sendo ouvido quando o outro é capaz de repetir o que eu estou querendo dizer. Entenda, pai e mãe, que existem formas diferenciadas de comunicação para cada fase do desenvolvimento infantil. A forma como você se comunicava com seu filho desde o seu nascimento precisa mudar, se adaptar à medida que ele vai crescendo. Eu chamo isso de “Comunicação situacional”. Um dos meus erros no confronto com minha filha foi tratá-la como uma criança quando ela já era uma adolescente com opiniões bem definidas.
E. Seu filho não vai escutá-lo se você não aprender a ouvi-lo primeiro: Isso vai muito além de entender o que ele está pensando e dizendo, tem a ver especialmente com a habilidade de discernir o que ele está sentindo por trás do que está falando ou fazendo. Quando minha filha “ficou armada” em nossa conversa, era preciso da minha parte discernimento e então refletir: “O que ela está sentindo?” Não precisava de muito esforço para descobrir que ela se sentia acusada por mim! Veja, não era isso que eu queria fazer, mas era assim que ela estava se sentindo.
O que fazer para aproximar-se mais do seu filho e lubrificar o canal da comunicação?
1. Oração: Creia no poder de Deus para trabalhar o coração do seu filho, curar sua alma, transformar sua mente e guia-lo por Seu caminho de justiça, santidade e amor! Ore por seu filho e com seu filho! Exerça sua autoridade espiritual ministrando bênção sobre ele.
2. Avaliação: Resolva o que precisa ser resolvido dentro de você. Cuide para não projetar nele seus medos e inseguranças. Seus filhos vão errar, pisar na bola, pecar. É normal ficarmos tristes, irados e eventualmente frustrados. Mas, se esse tipo de reação tem sido frequente em você, é o momento de perguntar: “O que está doendo dentro de mim”? Mergulhe nessa pergunta e se for o caso, peça ajuda ao seu líder pastoral, mentor ou um bom psicólogo terapeuta para essa avaliação e escuta.
3. Investigação: Separe um tempo para alistar as barreiras, bloqueios que estão interferindo na relação. Uma conversa aberta com seu cônjuge pode trazer algumas revelações; um bate papo corajoso e amável com seus filhos abrirá seus olhos. Investigue os impedimentos internos e externos e remova-os!
4. Informação: Leia, leia muito. Há excelentes livros que lhe ajudarão a conhecer mais sobre relacionamentos saudáveis e comunicação eficiente. Aqui vão algumas sugestões: Criando filhos emocionalmente saudáveis (Ed. Textus); Crescendo com seu filho adolescente (Ed. Palavra); As cinco linguagens do amor (Ed. Mundo Cristão); Educando meninos (Ed. Vida); A auto-estima do seu filho (Ed. Martins Fontes). Não se esqueça: Quem lê aprende mais, tem o que falar, erra menos, aumenta seu leque e soluções.
5. Conexão: Conquiste o coração dos seus filhos. Crie memórias! Faça agora mesmo uma reestruturação no seu ritmo de vida, pegando sua agenda e separando semanalmente um dia e horário exclusivo para eles. Lembre-se de que a qualidade desse tempo será muito mais importante do que a quantidade. Rob Persons em seu livro “O pai sessenta minutos” (Ed. Betânia) lhe dará boas dicas de como administrar esse momento de forma inteligente e criativa. Seja fiel e autodisciplinado nesse compromisso!
“Um dia desses terei mais tempo”. Inconscientemente essa frase me acompanhou por um bom tempo! A “ficha caiu” em um dia, na sala de minha casa, quando minha esposa fazia uma limpeza geral e parou para olhar algumas fotos com os nossos filhos. Eles riam, comentavam e faziam uma festa! Ao contrário deles, fiquei envergonhado e constrangido porque eu não tinha aquelas memórias. Perguntei no meu coração: Onde eu estava? Dedicado ao ministério! O tempo que achei que teria um dia estava passando, meus filhos crescendo e nem lembranças eu tinha como herança. Graças a Deus acordei ainda em tempo de pedir perdão a eles, arrepender-me e buscar restituir o mal que causei para toda a família. Convido você a fazer o mesmo! E mesmo se já forem adultos, ter esse tipo de atitude poderá salvar a família que eles estão construindo ou formarão um dia. 
Fonte:  http://www.sepal.org.br

Nenhum comentário:

MINI P70 EM CURRAL DE DENTRO - 17/11/12

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

PROJETO APASCENTAR - DISTRIBUIÇÃO DE REVISTA

19º ENCONTRO DE PASTORES - IBIASSUCÊ - BA - 05-09/12

5º ANIVERSÁRIO DA UNIÃO DE JOVENS DA IGREJA BATISTA DO CALVÁRIO - 2012

FAÇA PARTE DA IGREJA BATISTA DO CALVÁRIO VOCÊ TAMBÉM

Uploaded with ImageShack.us

P70 22-25 / 2012 - EM NINHEIRA

ACAMPAMENTO DE INVERNO 22-25 DE JUNHO DE 2012

POSTE LINK DO BLOG NO TWITTER

COMENTE EM MEU TWITTER USANDO O LINK ABAIXO