ITRODUÇÃO
As genealogias, provavelmente, são os textos mais desprezados pelos
leitores da Bíblia. Muitos não entendem a razão de sua presença nas páginas
sagradas. Que contribuições elas poderiam trazer para a espiritualidade cristã?
Porém, quando se observa mais atentamente essas áridas seqüências de nomes, pode-se
encontrar preciosos mananciais.
De acordo com a Wikipédia, “genealogia é uma ciência que estuda a
origem, evolução e disseminação das famílias e respectivos sobrenomes, ou
apelidos (sobrenomes derivados de alcunha). A definição mais abrangente é “estudo
do parentesco”. (...) É também conhecida como “ciência da História da Família”,
pois tem como objetivo desvendar as origens das pessoas e famílias por
intermédio do levantamento sistemático de seus antepassados, locais onde
nasceram e viveram e seus relacionamentos interfamiliares.
O Evangelho segundo Mateus, em seu primeiro capítulo, apresenta-nos a
genealogia de Jesus. O objetivo de Mateus, com isso, era provar que Jesus era
descendente de Abraão e Davi, ou seja, que ele era um hebreu de linhagem real,
sendo assim, o Messias prometido e esperado pelos judeus. Tendo isso em vista,
a princípio, como dito, pode-se pensar que se trata de um texto meramente
informativo. Mas ele não se limita a isso. No meio dos nomes dos antepassados
de Cristo aparecem, curiosamente, os nomes de cinco mulheres. Isso, por si só,
já é uma surpresa. As genealogias dos hebreus apresentavam apenas nomes dos
homens das famílias. Contudo, outro aspecto chama a atenção. Quem são as
mulheres citadas? É sobre isso que iremos estudar na lição de hoje, buscando
uma grande lição do coração de Deus para nós!
DESENVOLVIMENTO
DO ENSIO
Texto-base:
Mateus 1.1-17
Como foi dito, cinco nomes de mulheres são citados na genealogia de
Jesus apresentada em Mateus 1.1-17. Quem são essas mulheres? Quais são suas
histórias? Por que elas foram destacadas? Vamos a cada uma delas:
1. Tamar, uma viúva incestuosa
A história de Tamar está registrada em Gênesis 38.1-30. Ela era nora de
Judá, um dos filhos de Jacó. Casou-se, primeiramente, com o filho mais velho de
Judá, Er, o qual veio a falecer. Como era uma viúva sem filhos, de acordo com o
costume da época, Judá deu Tamar em casamento a seu segundo filho, Onã, de modo
que, através dele, fosse gerada uma descendência para Er. Onã não cumpriu sua
obrigação para com seu irmão morto e, além disso, também faleceu. Assim, Tamar
tornou-se viúva de dois maridos, sem filhos. Temendo que o mesmo acontecesse
com seu terceiro filho, Selá, Judá, quando esse cresce, não lhe entrega Tamar
em casamento. Percebendo isso e que,
assim,
ficaria desonrada por ser uma viúva sem filhos, ela arma uma cilada para Judá.
Passando-se por prostituta, ela se deita com ele e fica grávida de gêmeos,
Perez e Zerá, sendo Perez um dos ascendentes de Jesus. Essa é a história de
Tamar, uma viúva incestuosa.
2. Raabe, uma prostituta gentílica
A
história de Raabe está registrada em Josué 2.1-21 e 6.22-25. Raabe era uma prostituta
que vivia em Jericó, cidade que estava para ser conquistada pelo exército de
Israel, comandado por Josué. Por ter ajudado dois israelitas que estavam
espiando a cidade, Raabe recebeu deles uma promessa de livramento para quando a
cidade fosse conquistada. Foi o que aconteceu. Quando Jericó caiu nas mãos dos
israelitas, Raabe e toda a sua família foram preservadas em vida e levados para
viver entre os israelitas. Raabe casou-se com Salmom e gerou a Boaz, um dos
ascendentes de Jesus. Essa a história de Raabe, uma prostituta gentílica.
3. Rute, uma viúva gentílica
A
história de Rute está registrada no livro que leva o seu nome. Rute era uma
viúva moabita, nora da também viúva Noemi, uma israelita. Após viver alguns
anos em Moabe e perder seu marido e seus dois filhos, Noemi decidi voltar para
Belém, cidade de Israel. Rute, uma de suas noras, decidiu voltar com ela. Em
Belém, Rute conheceu Boaz, parente do falecido marido de Rute. Após alguns
acontecimentos, Boaz decide se casar com Rute e resgatá-la de sua viuvez sem
filhos. Rute fica grávida e dá à luz Obede, um dos ascendentes de Jesus. Essa é
a história de Rute, uma viúva gentílica.
4. Bate-Seba, uma adúltera
A
história de Bate-Seba e Davi está registrada em 2 Samuel 11.1-12.25. Davi, rei
de Israel, ao observar do terraço do palácio Bate-Seba, uma mulher muito
bonita, tomando banho, mesmo sabendo que ela era casada, manda trazerem-na e
deita-se com ela. Ela fica grávida e manda esse recado a Davi, o qual pensa e
executa um plano para esconder essa situação pecaminosa e desonrosa. Esse
primeiro plano não dá certo e, por fim, Davi entrega o marido de Bate-Seba,
Urias, um de seus soldados, à morte e toma Bate-Seba como esposa, escondendo,
assim, a gravidez procedente do adultério. Tempos depois, confrontado pelo
profeta Natã, Davi reconhece e confessa o seu pecado. Isso, entretanto, não
desvia a ira de Deus do casal e da criança gerada, a qual morre.
Perdoado
e restaurado, Davi deita-se com Bate-Seba e ela lhe dá um segundo, Salomão, o
qual foi chamado de Jedidias, amado pelo Senhor, e é um dos ascendentes de
Jesus. Essa é a história de Bate-Seba, uma adúltera.
5. Maria, uma pecadora
A
história de Maria está registrada em Lucas 1.26-56 e 2.1-7. Maria era uma
virgem que estava prometida em casamento a José. Certo dia, ela foi visitada
pelo anjo Gabriel, o qual lhe disse que ela seria mãe do Messias prometido por
Deus a Israel, por intermédio da ação do Espírito Santo e não por José. Muito
alegre com essa notícia, ela exclamou: “Minha alma engrandece ao Senhor e o meu
espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lucas 1.46-47), jubilando-se por que
a salvação que viria através de Jesus também a alcançaria. Apesar de não ter
cometido mesmos pecados de suas antecessoras, ela tinha consciência de que,
como elas, também carecia da misericórdia e graça de Deus. Tempos depois, na
cidade de Belém, da Judéia, ela deu à luz Jesus. Essa é a história de Maria,
uma pecadora.
COCLUSÃO
Quais são as
características das mulheres citadas na genealogia de Jesus?
•
Viuvez: um estado civil
desprezado e inferiorizado na sociedade israelita, ainda mais quando a viúva
não tinha filhos;
•
Incesto: uma relação sexual
considerada ilícita pela Lei de Moisés (Levítico 18.15), ainda mais em um
contexto de prostituição;
•
Prostituição: no caso, enquanto
meio de subsistência, o que não agrada a Deus;
•
Estrangeiro ou gentio:
ou seja, não ser um hebreu, membro do povo escolhido de Deus. Os gentios eram
considerados impuros pelos israelitas;
•
Adultério: uma relação sexual
também considerada ilícita pela Lei de Moisés (Êxodo 20.14);
•
Pecado: a Bíblia diz que
todos os homens são pecadores (Romanos 3.23).
O que essas mulheres tinham de especial para serem citadas na
genealogia de Jesus? Nada. Por que, então, elas estão lá? Pela misericórdia e
graça de Deus (Salmo 86.5,15). Em cada uma das histórias, podemos ver a
misericórdia e graça de Deus sendo dadas a essas mulheres. Elas não receberam o
que mereciam e receberam o que não mereciam. A presença dessas mulheres na
genealogia de Jesus nos ensina que mesmo aqueles que mergulharam fundo no poço
lamacento do pecado e/ou são desprezados pela sociedade têm a chance de ter um
lugar de honra no Reino de Deus. Ele não se prende ao passado, mas
continuamente oferece oportunidades de perdão e restauração àqueles que
precisam.
REFLEXÕES
E DESAFIOS
1.
Qual é a sua história? Quais são as suas
características?
2.
Assim como aconteceu com essas mulheres, Deus
não considera o seu passado e tem um lugar de honra para te dar em seu Reino;
3.
Para alcançar isso, basta você se reconhecer um
pecador necessitado de salvação e crer em
Jesus como seu salvador, como Maria fez;
4.
Se você já foi salvo, nunca pense que você é
aceito diante de Deus pelas suas boas obras e méritos. Foi, é e sempre será
pela misericórdia e graça dele!
IGREJA
BATISTA DO CALVÁRIO – SÃO JOÃO DO PARAÍSO – MG
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