Nesse momento em que a Europa está
passando por uma das piores crises financeiras de sua história, e os
cidadãos são obrigados a pagar impostos pesados, os olhos de alguns
governos passaram a visar uma instituição que passou incólume pelos
momentos econômicos mais difíceis da história: a Igreja Católica.
E a maior ameaça é justamente dos países
que sempre protegeram o Vaticano, ajudando-o ao longo dos séculos a
criar um império financeiro. A Igreja Católica é considerada uma das
últimas fontes intocadas de riqueza no continente.
Por exemplo, Ricardo Rubio, um membro do
conselho municipal de Alcala, Espanha, está travando uma batalha para
tributar todos os bens de propriedade da Igreja que não são usados para
fins religiosos. O impacto desse tipo de pedido pode ser devastador para
o Vaticano: a instituição católica é uma das maiores proprietárias de
terras na Espanha, tendo em seu nome escolas, casas, parques, campos de
esportes e restaurantes.
Se tudo isso for submetido a um novo
regime fiscal, poderia significar saída de três bilhões de euros em
impostos a cada ano. Muitas cidades na Espanha estão pensando em
tributar a Igreja. Grupos políticos aproveitaram a crise para abrir um
debate maior sobre a relação entre Igreja e Estado nos países
predominantemente católicos na Europa.
“A separação entre Igreja e Estado é a
grande questão”, disse Charles Zech, diretor do Centro para o Estudo de
Gestão da Igreja, na Universidade Villanova, que analisa as finanças da
Igreja Católica.
O mesmo tipo de pedido tem sido feito na
Itália, onde a Igreja possui milhares de propriedades e negócios que
gozam de isenções fiscais. Pela primeira vez na história o governo
italiano está considerando a possibilidade de se intrometer nos negócios
não religiosos do Vaticano. O primeiro-ministro Mario Monti pediu a
criação de um imposto sobre propriedades da igreja ou sobre as partes
das propriedades que têm um propósito comercial.
Segundo uma extensa matéria do jornal
Washington Post, “a batalha para cobrar impostos sobre todos os bens da
igreja de uso não religioso causaria um impacto financeiro devastador
sobre a Igreja Católica”. Na Espanha e na Itália, os insatisfeitos como
Rubio acreditam que: “Os custos dessa crise devem ser divididos
igualmente entre as pessoas e as instituições.”
Na Irlanda, o Ministério da Educação
está lutando para remover o controle da igreja sobre muitas escolas de
ensino fundamental e o governo cortou todas as verbas que antes eram
destinadas a elas. Na Grã-Bretanha diversos municípios têm cortado os
repasses de fundos estatais para o transporte público doa alunos de
escolas religiosas, levando a uma queda drástica no número de
matrículas.
A resposta do Vaticano tem sido
cautelosa. As Conferências Episcopais dos países onde o movimento
“pró-imposto” cresce limitam-se a enfatizar que essas regulamentações
iriam impedir a Igreja de cumprir suas “funções sociais”. Representantes
da igreja, como o cardeal Antonio Maria Rouco na Espanha e o cardeal
Angelo Bagnasco, na Itália, fizeram declarações de que pretende cumprir
todas as leis. Mas é sabido que a Igreja Católica está enfrentando
problemas de fluxo de dinheiro. As ofertas dos paroquianos têm
despencado nos últimos anos, e a maior riqueza da Igreja estaria em bens
como templos, quadros, esculturas e coisas difíceis de serem
capitalizadas, caso isso fosse necessário. Além disso, os processos por
conta dos escândalos de padres pedófilos têm contribuído para tirar dos
cofres católicos um montante de dinheiro não revelado, mas expressivo, a
cada ano.
A má gestão tem sido outro problema,
especialmente para o Vaticano, que este ano declarou ter experimentado o
seu pior déficit dos últimos dez anos: 19 milhões de dólares. O Banco
do Vaticano esteve envolvido em um escândalo por duas décadas sob
suspeitas de lavagem de dinheiro e ligações com a máfia, além do
“desaparecimento” de US$ 1 bilhão em um banco com quem fazia transações.
A questão de pagamentos de impostos pela
igreja está em debate desde que, em 2010, os reguladores da União
Europeia iniciaram uma investigação sobre a Igreja Católica e os
impostos que paga em diversos países. De acordo com um grupo
pró-secularismo chamado “Europa Laica”, esse tipo de preocupação tem
crescido e as mudanças devem ocorrer em breve.
Fonte: Gospel Prime | Divulgação: Midia Gospel
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