“Hagar, o
horrível” é uma tira cômica publicada em vários jornais do mundo. Ele é um
viking devidamente caracterizado. Na cabeça, um elmo com chifres, é gordo, e sempre
partindo para batalhas. Ausente como pai e marido, bebedor de cerveja, com um
escudeiro que, por vezes, parece uma toupeira, de tão burro, e em outras, um
gênio, pelas tiradas. A esposa é Helga, mostrada como matriarca. Tem uma filha,
bonita, loira, e um filho tímido que gosta de ler poesia, sendo o oposto do
pai.
Presentemente,
leio-a no “Jornal de Brasília”. A tira de 7 de agosto foi genial. Apenas dois
quadros. No primeiro ele pergunta “Sabem o que realmente define quem é ‘o chefe
da família’?”. No segundo, Helga e os dois filhos estão abraçados a ele,
enquanto um KA-BOOM em letras garrafais mostra um trovão. E ele diz: “É aquele
no qual todos se agarram na hora da tempestade”. Dick Browne, o autor das tiras, foi
felicíssimo. O papel de um homem, como chefe de família, é prover segurança
para todos.
A
felicidade de Browne foi maior porque não dimensionou a segurança como sendo de
ordem financeira, mas de
proteção na hora do medo. Este é um dos papéis mais
importantes do homem, como marido e pai: dar segurança à família. Muitos homens
querem ser servidos e pensam que são sultões, em casa. Todos devem estar
atentos para satisfazê-los e ninguém pode contestar suas ordens. Para piorar,
esgrimem versículos bíblicos em suporte à sua posição. É triste, mas muitas
pessoas e igrejas usam a Bíblia para legitimar o massacre moral da mulher e dos
filhos. Justamente os mais frágeis, em uma relação doméstica, os que deveriam
ser protegidos, são colocados a serviço do mais forte.
Um homem de
verdade não é o que é temido pela esposa e pelos filhos. Isto é terrível,
talvez a pior coisa, do ponto de vista moral, para um homem: ser temido em
casa. Há maridos e pais opressores. Quando chegam em casa, do trabalho, o lar
se anuvia. Quando ausentes, isto é um alívio. O homem de verdade ama a esposa e
os filhos, e se preocupa em lhes dar segurança emocional (a física é tão óbvia
que nem se discute - alimentar, vestir e educar são obrigações até legais). É
aquele homem que faz com que a esposa se sinta segura ao seu lado, sabendo que
ele a ama, que a honra e respeita, que a trata bem. É aquele que os filhos
buscam sua companhia por prazer, não para pedir, mas para vê-lo, conversar,
ouvir histórias e contar as suas.
Dois
versículos que precisam ser mais trazidos à memória masculina, em nossas
igrejas são 1Pedro 3.7 e Efésios 6.4. No primeiro, o marido a honrar a esposa,
sabendo que ela depende dele, é frágil: “Tambem você, marido, na vida em comum
com a esposa, reconheça que a mulher é o sexo mais fraco e que por isso deve ser
tratada com respeito”. No segundo, além de criar na disciplina e admoestação do
Senhor, não deve provocá-los à ira: “Pais, não tratem seus filhos de um jeito
que faça com que eles fiquem irritados. Pelo contrário, vocês devem criá-los
com a disciplina e os ensinamentos bíblicos”. O homem tem um papel estabilizador de emoções
em casa. Ele dá segurança à esposa e equilíbrio aos filhos.
Homens inseguros, patéticos e
opressores fazem mal às suas famílias. Estas precisam de homens que transmitam
segurança. Browne nos deu uma excelente lição, com seu viking grosseiro e mal
vestido. Que a aproveitemos. Que saibamos ser “o chefe da família”, no dizer de
Hagar. Aquele que, em casa, as pessoas se escorem, sabendo que somos o esteio.
Isaltino Gomes Coelho
Filho
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