A depressão já é conhecida como o mal
do século e tem se tornado uma realidade frequente também no meio cristão,
afetando a todos, inclusive pastores e líderes em geral, algo que para o
psicanalista Eduardo Silva pode ser agravado quando alguns cuidados necessários
não são tomados.
Segundo Eduardo, a “solidão no
ministério pastoral” é um fator de risco para a depressão.
Isso acontece porque muitos pastores,
de fato, não possuem o suporte emocional e espiritual de outros pastores,
amigos e até dos familiares, por serem vistos como referência e nunca como
pessoas capazes de sofrer os mesmos dilemas dos outros.
“Esperar que alguém, por ser pastor,
não passe por esse tipo de sofrimento, é negar a nossa limitação humana”,
explica Eduardo, destacando que a depressão pode se instalar gradualmente.
“Talvez este seja um ponto para a nossa
reflexão: existe tanta expectativa, pressão, demanda de cuidado do outro,
competitividade e solidão no ministério pastoral, que o adoecimento pode ir
acontecendo de maneira a não nos darmos conta de quão profundo estamos
penetrando nessa noite escura da alma”, disse ele, segundo o Guiame.
Eduardo cita a passagem de 1 Timóteo
4:16, em que o Apóstolo Paulo recomenda a Timóteo tomar cuidado com a sua
saúde: “Cuida-te de ti mesmo!”, diz o texto. “Não só espiritualmente, mas
física e emocionalmente também”, ressalta o psicanalista.
Depressão está
ligada à época
Eduardo explica também algo muito
importante para a compreensão sobre às causas da depressão. Ele aponta fatores
relacionados à época em que vivemos como vinculados ao tipo de sofrimento
emocional em determinada geração.
“Muitos dos sofrimentos estão ligados à
sua época”, diz ele. “Hoje não sofremos como a cem anos atrás por exemplo, a
realidade, os problemas e preocupações eram outras. Nesse momento em que alguns
chamam de pós-modernidade, hipermodernidade, modernidade líquida etc., vivemos
uma realidade que nos afeta a todos mas de forma singular”.
“Em um mundo globalizado — com mudanças
acontecendo todo o tempo e em uma velocidade estonteante — marcado pelo
narcisismo, pela sociedade do espetáculo, do empreendedorismo de si, pelo
individualismo e ruptura dos laços sociais, seja na família, entre amigos, no
trabalho e até na igreja, nem todos respondem bem à esse sofrimento”,
acrescenta.
Por fim, o psicanalista diz que às
igrejas devem investir mais na convivência comunitária dos seus membros.
Proporcionar eventos e espaços de vivência, onde exista contato humano,
acolhimento e oportunidade para lidar com questões do dia-a-dia.
“Precisamos estar disponíveis, aprender
a olhar para o outro, para o próximo e percebermos se algo está acontecendo com
ele. Outra atitude importante é de nos dispormos a ouvir, mas ouvir atentamente
e sem julgamento ou respostas e soluções rápidas para sofrimentos
complexos. Estar ao lado, ouvir com amor, acolher, abraçar”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário