INTRODUÇÃO
Nesta série de lições do Núcleo
Familiar, temos estudado
sobre alguns aspectos
do nosso relacionamento com Deus. Na lição de
hoje, vamos aprender que nossa relação com Deus deve ser caracterizada pela
permanência e pela autenticidade, ou seja, em uma linguagem mais popular, que
ela não deve se restringir às reuniões dos finais de semana, ou aos momentos
em que estamos na igreja,
nem ser uma religiosidade vazia de uma real intimidade com Deus. Olhando para
a esfera religiosa brasileira atual, e, especificamente, para a igreja
evangélica, podemos perceber que, no geral, esses são problemas que estão
presentes. Muitos cristãos vivenciam suas semanas
de trabalho e estudo sem levar em consideração a existência e a presença
de Deus, nem os seus
princípios e mandamentos. Por exemplo, uma pessoa que ouve uma pregação no
domingo de manhã sobre a verdade como um valor fundamental no Reino de Deus,
sem nenhum constrangimento, mantém a prática de não pagar seus impostos e de
mentir em suas relações de trabalho. Como isso é possível? Provavelmente, a
mente dessa pessoa está secularizada. Secularização é a idéia e prática de se
dividir os aspectos da realidade
em dois grupos: os que pertencem à esfera do sagrado e os que pertencem
à esfera do profano, ou secular. De um lado está o que é sagrado, representado
pela religião, e do outro o profano,
ou todos os outros componentes que constituem a vida. Nós, brasileiros,
aprendemos durante séculos a não misturar essas duas coisas: sagrado é aquilo
que a gente faz na Igreja, principalmente aos domingos; profano é o trabalho,
os estudos, as ciências, etc, os quais pertencem à nossa vida secular.
Essa distinção, como apresentado no exemplo dado, traz
sérios problemas para a fé e prática cristãs. Segundo o Pr. Ivênio dos Santos,
no livro “Alma Nua” (pg. 67), com a secularização, uma ética dupla é gerada na
vida das pessoas. Quando estamos na igreja, ou seja, na área do sagrado, nos
comportamos, nos vestimos e falamos de um determinado jeito “sagrado”. Mas fora
desse ambiente, em outros lugares, mudamos nossa forma de ser e agir, nos
comportando de uma maneira “mais adequada” ao contexto. O resultado disso, de
fato, é uma vida dupla, o que traz enfermidades para
a nossa vida cristã, tais como a hipocrisia e a religiosidade vazia.
a nossa vida cristã, tais como a hipocrisia e a religiosidade vazia.
Desenvolvimento do ensino
A ética dupla é algo contra o qual Jesus se posicionou durante o seu
ministério. Os fariseus, importante grupo religioso da sociedade judaica da
época, constantemente eram criticados por ele por viverem uma vida dupla. Jesus
percebia nos fariseus a incoerência de se comportarem de uma determinada
maneira no ambiente religioso e de outra no contexto privado. Há muitos textos
no Novo Testamento que nos mostram
Cristo combatendo o comportamento dos fariseus. A partir de alguns desses
textos, podemos extrair contrapontos entre atitudes
que nós, como cristãos, devemos
evitar e eliminar
de nossas vidas e outras que,
ao contrário, devemos abraçar e praticar.
1.
Hipocrisia x Autenticidade
Em Mateus 23.25-28,
está escrito:
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque
limpais o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança! Fariseu
cego, limpa primeiro
o interior do copo, para que
também o seu exterior fique limpo! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas,
porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos,
mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim
também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais
cheios de hipocrisia e de iniqüidade.
Em nossa sociedade, é comum ouvirmos o discurso de que
a beleza interior é mais importante do que a exterior. Apesar disso, entretanto, podemos ver, nitidamente, a estética e a moda sendo mais valorizadas do que o caráter
e os valores morais. O ser humano tem uma grande preocupação com o aparente,
com o que pode ser visto. Nesse sentido, transmitir determinada imagem
ou impressão é mais importante do que ser, de fato,
aquilo que se quer transmitir. Dando um exemplo
do nosso contexto, muitas vezes nos preocupamos
mais com nos parecermos cristãos do que com ter atitudes autênticas de um filho
de Deus. Esforçamo-nos para construir um comportamento aparente, de modo que as
pessoas, ao olharem para nós, digam: “Puxa vida! Fulano de tal é um crente e tanto!”.
Essa também era uma atitude
dos fariseus. No texto acima,
Jesus os chama
de hipócritas, por se preocuparem mais com o exterior
do que com o interior. Hipócrita, no grego
antigo, era o nome dado ao ator de teatro,
que usava uma máscara ao encenar uma peça. Hipocrisia, segundo o
Dicionário da Bíblia de Almeida, é o “ato de
fingir o que a gente
não é, ou não sente,
ou não crê; falsidade”. Enfim,
ao hipócrita poderíamos aplicar a conhecida expressão “parece, mas não é”. Jesus
critica duramente essa postura, dizendo:
“Ai de vós!”. Essa
expressão, nesse contexto, tem o sentido de reprovação, denúncia e condenação.
Os fariseus eram dignos da ira
divina por causa de sua hipocrisia.
O contraponto da hipocrisia é a autenticidade. Autêntica é a pessoa que é o que aparenta
ser. Um sinônimo para autêntico é sincero, palavra
que, como hipócrita, também tem origem
no mundo antigo.
Naquela época, era comum o comércio
de vasos. Muitas vezes, por causa de um acidente,
os vasos ficavam
trincados e sem alguns pedacinhos. O comerciante, para
não perder uma oportunidade de negócio, disfarçava a rachadura, com cera.
Assim, muitos compradores eram enganados, levando para casa um vaso danificado.
Alguns, entretanto, mais atentos,
antes de comprar
o objeto, o colocavam contra
o sol, para verificar se havia ou não
rachaduras camufladas. Quando o vaso estava inteiro,
eles diziam: “Sin cera”, ou seja, “sem cera”. Este é o desejo
de Deus para conosco: que, ao nos colocar contra
a luz, não encontre nada escondido. Esta também
é a expectativa das pessoas com quem nos relacionamos a nosso respeito e a
nossa em relação a elas: autenticidade. Sendo assim, nosso foco deve estar em
transformar o nosso coração e não, simplesmente, a nossa aparência. Além disso,
devemos buscar ter um comportamento cristão não apenas na igreja, mas o onde
quer que estejamos. Viver um tipo de vida em casa, no trabalho e na escola, e
outro na igreja, é hipocrisia.
2.
Religiosidade Vazia x Relacionamento com Deus
Marcos 7.6 diz:
Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas,
como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está
longe de mim.
Areligiosidade vazia é uma outra
marca de nossa
sociedade atual. Quando
não mantemos um relacionamento
com Deus durante a semana, temos, na verdade, uma religiosidade vazia. Os
cultos de domingo não são suficientes para construirmos uma relação com Deus,
assim como um encontro semanal apenas entre um homem e sua esposa não é capaz
de gerar uma satisfatória intimidade entre o casal. Em contrapartida, nossa participação, por exemplo, em um culto
dominical, na verdade,
é o reflexo dos nossos
encontros com Deus durante a
semana. Por isso, muitas vezes, nos sentimos vazios, desanimados e desmotivados
nas reuniões da igreja.
Como não temos
um contato íntimo
com Deus há algum tempo,
estamos frios e distantes
em relação a Ele.
Como dito na introdução, a causa dessa atitude está na
secularização. Pensamos e agimos como se Deus estivesse limitado à igreja e só
pudéssemos nos encontrar com Ele lá. Pensamos e agimos como se Deus não
estivesse presente e interessado no nosso dia-a-dia. Pensamos e agimos como se
ir à igreja aos domingos fosse o bastante, afinal,
já cumprimos o nosso compromisso religioso. Pensamos e agimos como se Deus não tivesse nada a ver com a
maneira como nos relacionamos com a família e nos comportamos no trabalho e na
escola. Isso faz com que nos afastemos de Deus, gerando uma vida cristã sem
intimidade com Ele. Jesus criticou essa atitude nos fariseus. Citando
o profeta Isaías,
ele fez referência a um culto que é dado com os lábios,
mas sem o coração, ou seja, a uma vida religiosa vazia de relacionamento com Deus. Os fariseus,
aqui também chamados de hipócritas, estavam tão-somente freqüentando o local
sagrado e participando dos rituais
religiosos. O corpo estava presente, mas o coração estava longe. Não é isso a
verdadeira vida cristã! Nossa prática religiosa deve estar encharcada com a
presença de Deus. Além disso,
conforme Jesus disse
a uma mulher certa vez, já chegou
o tempo em que o culto a Deus pode ser oferecido em qualquer lugar e em qualquer
dia, desde que seja com o coração (cf. Jo 4.21-24).
Conclusão e Desafios
A secularização é uma mentira de Satanás. Na verdade, tudo é sagrado.
Não há distinção entre sagrado e
profano. Deus está presente em todas as esferas de nossa vida e quer que nós
reconheçamos isso. Por isso, temos que deixar de lado a hipocrisia, agindo de
uma só maneira em todos os lugares, e também a religiosidade vazia, buscando a
face de Deus em todo tempo e em todo lugar.
Desafios:
1.
Você consegue detectar hipocrisia em sua vida? Você tem tido um tipo de comportamento na igreja e outro em sua
casa, local de trabalho ou escola? Se sim, você precisa confessar isso a Deus
como pecado e buscar o arrependimento, a mudança de atitude: abandonar a
hipocrisia e abraçar a autenticidade.
2.
Sua prática religiosa tem sido vazia de
intimidade com Deus? Você tem buscado a Deus apenas na igreja, seja no Núcleo Familiar ou nos
cultos? Se sim, confesse isso a Deus como pecado e busque o arrependimento. E saiba: Deus tem muito
mais para a sua vida!
Ele é muito maior do que a igreja e o
domingo! A cada dia e em qualquer lugar, ele quer ter mais e mais intimidade
com você.
IGREJA BATISTA DO CALVÁRIO – SÃO JOÃO DO PARAÍSO – MG
Nenhum comentário:
Postar um comentário