Itrodução
Desde o pecado de
Adão e Eva no jardim do Éden, a história humana tem sido marcada por
sofrimentos. O texto bíblico informa que tanto o homem quanto a mulher
receberam como conseqüência da desobediência sofrimentos. “À mulher, ele
declarou: ‘Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na gravidez; com
sofrimento você dará à luz filhos (...)’. E ao homem declarou:
‘Visto que você deu
ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual eu ordenara que não
comesse, maldita é a terra por tua causa; com sofrimento você se alimentará
dela todos os dias da sua vida’” (Gênesis 3.16-17). O ser humano caído, então,
está sujeito a uma vida com sofrimentos.
O cristão, sendo ainda habitado pela natureza
pecaminosa e vivendo em um mundo caído, não está livre disso. Em João 16.33,
Jesus disse categoricamente aos seus discípulos que neste mundo eles passariam
por aflições. Se o sofrimento, em pequena ou grande medida, é algo inevitável,
surge, então, uma pergunta: como lidar com o sofrimento?
A resposta para essa indagação pode ser encontrada na vida de Jesus, no
episódio do Getsêmani.
Fora a cruz, esse foi um dos momentos de maior
sofrimento para Jesus. O evangelista Lucas chega a escrever o seguinte:
“Estando angustiado, ele orou ainda mais intensamente; e o seu suor era como
gotas de sangue que caíam no chão” (Lucas 22.44). Como Ele agiu e reagiu nesse
episódio? É sobre isso a ministração do Núcleo Familiar de hoje.
Desenvolvimento do ensino
Texto-base: Marcos 14.32-36*
O presente texto
bíblico nos apresenta Jesus e seus discípulos no jardim do Getsêmani, momentos
antes de sua prisão, julgamento e crucificação. A palavra Getsêmani significa
“prensa de óleo”. Tratava-se de um jardim de oliveiras, árvores produtoras de
azeitonas, a partir das quais, mediante prensa, se obtinha o azeite. Nesse
jardim, à semelhança de uma azeitona, Jesus foi prensado, experimentando grande
dor e sofrimento. Sua aflição se deveu ao fato de estar para beber o cálice da
ira de Deus contra os pecados da humanidade. Quais lições podemos extrair
disso? São elas:
1. Jesus,
assim como nós, experimentou sofrimento
A primeira e básica
lição dessa história está nos versículos 33 e 34, que dizem: “E começou a ficar
aflito e angustiado. E lhes disse: ‘A minha alma está profundamente triste,
numa tristeza mortal’”. Aflição, angústia e tristeza. Sentimentos que expressam
o sofrimento que uma pessoa está experimentando. Assim como nós, Jesus também
sofreu. Hebreus 4.15 diz que Ele conhece exatamente os dilemas humanos. À
exceção do pecado, Ele foi um homem como os demais. Sendo assim, ele pode se
compadecer de nós em nossos sofrimentos e nos ensinar, com seu exemplo, a como
lidar com eles.
O versículo 33 e 34 também nos informam que Jesus não
passou pelo sofrimento do Getsêmani sozinho. Ao se retirar para orar, Ele levou
consigo Pedro, Tiago e João, seus discípulos mais chegados. Ao começar a ficar
aflito e angustiado, ele não guardou esses sentimentos para si, mas
compartilhou-os com seus amigos e lhes pediu companhia e ajuda. Jesus se cercou
de pessoas para o apoiarem em seu momento de sofrimento. Há uma lição nessa
atitude. Não é bom enfrentarmos as tribulações sozinhos e isolados, mas, sim,
acompanhados de pessoas que possam nos ajudar e com as quais possamos
compartilhar nossas aflições e pedir auxílio. Se o Deus encarnado precisou de
pessoas em um dado momento, por que nós não precisaríamos? Vale aqui, porém,
uma ressalva.
Não devemos colocar nossa esperança e confiança
completamente e somente em pessoas, pois, assim como os discípulos de Jesus,
elas podem falhar em sua ajuda (vv. 37-42).
3. Jesus orou
a Deus Pai em meio ao sofrimento
Jesus não recorreu apenas a pessoas em seu momento de sofrimento. Ele
também recorreu ao auxílio divino. O versículo 35 diz que Ele se afastou um
pouco dos seus discípulos, prostrou-se e orou ao seu Pai. O auxílio de pessoas
não anula a ajuda de Deus e a ajuda de Deus não anula o auxílio de pessoas.
Ambos são necessários. Conforme Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista de
Água Branca, localizada na cidade de São Paulo: “Pessoas precisam de Deus,
pessoas precisam de pessoas”.
Além disso, podemos aprender também com essa história
como orar a Deus em momentos de sofrimento. O presente texto registra a oração
feita por Jesus ao Pai, no Getsêmani (v.36). Ela
tem três partes:
- “Aba, Pai, tudo te é possível”: Primeiramente, Jesus declarou sua fé no poder de Deus. Ele mesmo,
anteriormente, já havia declarado: “Todas as coisas são possíveis para
Deus” (Marcos 10.27). Jesus creu que para o seu Pai não havia pedido
impossível de ser respondido e que poderia ser atendido em sua oração,
independentemente de qual fosse. Ele se aproximou de Deus com a atitude
correta, conforme Hebreus 11.6, que diz: “Sem fé é impossível agradar a
Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que
recompensa aqueles que o buscam”;
- “Afasta de mim este cálice”:
Em meio à aflição, angústia e tristeza e motivado pela fé, Jesus colocou
sinceramente o seu pedido diante do Pai. A razão principal de sua
encarnação era a morte na cruz para a salvação dos pecadores. Entretanto,
na proximidade daquele evento, ele pediu ao Pai que o livrasse daquilo,
que a obra não fosse realizada daquela maneira. Por mais absurdo que fosse
o pedido, Ele teve confiança em Deus e não hesitou em fazê-lo;
- “Contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres”: Ao apresentar ao Pai o seu pedido, Jesus
entregou-lhe sua causa e confiou na boa, agradável e perfeita vontade do
seu
Deus. Ele expressou
o seu desejo, mas se submeteu aos planos divinos. Não Ele tinha uma vontade,
mas não trocaria por nada os desejos de seu Pai.
4. Jesus não
desistiu de seus amigos, mesmo quando eles falharam
Os versículos 37 a 42 nos apresentam Pedro, Tiago e
João, os discípulos mais íntimos de Jesus, falhando por três vezes com o seu
Mestre. Ao invés de vigiarem e orarem “com” e “por” Jesus, eles adormeceram e o
deixaram sozinho. Aliás, essas não foram suas únicas falhas. Pedro,
anteriormente, o havia repreendido tolamente quando Ele anunciou que iria
morrer e ressuscitar (Marcos 8.31-32). Tiago e João lhe fizeram um pedido
também tolo e egoísta, ao requisitarem se assentar um à sua direita e outro à sua esquerda na glória (Marcos
10.35-40). E Pedro, uma vez mais, após lhe jurar fidelidade durante a última
ceia (Marcos 14.27-31), o negaria por três vezes no pátio do sumo sacerdote
(Marcos 14.66-72). Entretanto, apesar dessas tantas e outras falhas, Jesus não
desiste de seus discípulos e, como diz João 13.1, ama-os até o fim. Um prova
disso é a restauração experimentada por Pedro após ter negado a Jesus por três
vezes (João 21.15-17). Também por três vezes, Pedro teve a oportunidade de
confessar o tipo de amor que tinha pelo Mestre Jesus e de ouvir dEle o chamado
para pastorear suas ovelhas.
Conclusão
Jesus, o Deus
encarnado, também passou por sofrimentos. Ele sabe o que é ser humano. No que
se refere a isso, podemos aprender o seguinte com Ele:
• É bom contarmos com pessoas e com Deus em momentos de
tribulação. Com pessoas compartilhamos, a Deus oramos;
• Ao orarmos, devemos crer que tudo é possível para
Deus, expor o nosso pedido com sinceridade e nos sujeitar à vontade divina (1João
5.14);
• Em momentos de tribulação, se nossos amigos falharem,
devemos ser misericordiosos e não desistir deles.
Reflexão e Desafios
- Como
você tem enfrentado seus sofrimentos: sozinho ou cercado de pessoas?
- Você
ora a Deus em momentos de sofrimento? Como têm sido essas orações?
- Há
algum amigo que você tenha abandonado por uma falha em um momento de
sofrimento?
Será que não é o
caso de uma reconciliação?
- Qual
é o seu Getsêmani momento? Com que sofrimento você está lutando?
- Forme
grupos de 2 ou 3 pessoas e estimule-as a compartilhar suas aflições e
orar;
- Desafie
as pessoas a orarem sinceramente, conforme a oração feita por Jesus no
Getsêmani;
- Incentive as pessoas a, durante a semana, em
momentos de aflição, procurar umas às outras para auxílio mútuo e oração.
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