De acordo com o cientista político, ao usar sua influência para abdicar de ser candidato, Silas Malafaia prepara-se para ser um poderoso cabo eleitoral.
A entrevista que foi avaliada por
Murillo foi publicada em destaque nas Páginas Amarelas da Veja, um
espaço destinado para grandes personalidades, mostrando o tamanho da
relevância que o pastor presidente da Assembleia de Deus Vitória em
Cristo tem conquistado.
Pela forma como se expressa conseguindo
se tornar um grande formador de opinião é que o cientista político
acredita que Malafaia tenha potencial eleitoral. “Até mesmo pelo fato de
que sua vida, pelo menos o que se sabe dela, não envolve nenhum aspecto
que entre em contradição com sua pregação”.
Confira abaixo a íntegra do artigo do cientista político, Murilo de Aragão no site do jornal O Globo:
Malafaia não é candidato a nada e pode ser candidato a tudo
Em uma boa entrevista à Veja algumas
semanas atrás, o pastor Silas Malafaia confirma ser uma pessoa
polêmica, mas de posições firmes e claras. Porém, afora as declarações
polêmicas, que fazem o prazer da imprensa e do leitor superficial,
Malafaia diz algumas coisas muito importantes na entrevista. Uma delas é
o fato de acreditar que os pastores podem ter papel político, sim.
Malafaia refuta a intenção de o
religioso ser jogado de lado no debate político. Defende que todos podem
fazer política, inclusive os religiosos. Vale destacar que ele usa o
termo “religiosos” ao invés de “pastores”.
Outra afirmação forte é a de que
nunca será candidato a nada. Mas diz que quer influenciar as pessoas e
que “não sataniza partido político nem candidaturas”.
Em suas pregações, Malafaia embute
muitas reflexões de natureza política, e não apenas no que tange a
questões como o aborto ou o homossexualismo. Suas afirmações demonstram
que ele é mais do que um pastor; é uma personalidade política com
sofisticação em suas articulações.
Com esse tipo de pregação, Malafaia
pode ter um imenso potencial eleitoral. Até mesmo pelo fato de que sua
vida, pelo menos o que se sabe dela, não envolve nenhum aspecto que
entre em contradição com sua pregação.
Com o destaque ganho na seção
Páginas Amarelas, Malafaia comprova ser uma das personalidades mais
influentes do país nos dias de hoje. E, ao usar essa sua influência para
abdicar da possibilidade de ser candidato, prepara-se para ser um
poderoso cabo eleitoral. Talvez o mais influente de todos para as
eleições de 2014 dentro do mundo evangélico.
Porém, ser candidato presidencial, ou não, não é uma questão
simples nem de natureza pessoal. Malafaia, ao dizer que não é candidato a
nada, torna-se mais forte ainda como potencial candidato a tudo.
É evidente que uma candidatura
presidencial não nasce de uma hora para outra. Tem de amadurecer e
depender das circunstâncias políticas e econômicas.
Considerando que o “lulismo” deve
ter fôlego para mais uma eleição presidencial, pelo menos, o quadro para
2018 ainda apresenta alguns lugares disponíveis. Em especial, no
espectro da “centro-direita” e da “direita”.
Outro ponto relevante é que existe
um potencial eleitoral entre os evangélicos que nunca foi adequadamente
explorado com a constituição de um partido. Um partido com base em
princípios do cristianismo que poderia ultrapassar os próprios limites
dos evangélicos.
Por suas múltiplas denominações e
divisões, fica difícil acreditar que os evangélicos marchariam unidos ao
largo de preferências partidárias “seculares”.
Porém, podem servir de base a uma
agremiação partidária forte, assim como os metalúrgicos do ABC foram a
base original do PT, que há muito é um partido que aglutina
trabalhadores, profissionais liberais, empresários, líderes do terceiro
setor, burocratas, entre outros.
É de considerar o fato de que
Malafaia tem uma pregação que ultrapassa os arraiais do mundo
evangélico. E que tal pregação, fundada mais em valores do que em
religiosidade, pode levá-lo a adquirir uma situação política ainda mais
forte em seu segmento, e respeitável fora dele.
No mundo evangélico, Malafaia não é o
único protagonista. Waldemiro Santiago e Edir Macedo são seus
potenciais “concorrentes”. No entanto, Edir Macedo e seu PRB não
conseguem deixar de ser vistos como uma força da Igreja Universal, e não
dos evangélicos como um todo. Santiago ainda não tem uma estratégica
política clara.
Sendo assim, nenhum dos concorrentes
de Malafaia tem um discurso tão forte e com tanto potencial político no
cenário de médio e longo prazos quanto o seu. E com capacidade de
articular uma candidatura e/ou um partido com base evangélica e alcance
no mundo católico que seja competitivo ao final da década.
Fonte: O Globo on-line Notícias Gospel Guia do Planeta
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