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Como Contar História Para Crianças
Profª Drª Celma Christina Rocha Diretora da Faculdade Batista de Minas Gerais
Na arte de ensinar crianças não basta, simplesmente, ter disposição e boa vontade. Tudo isso é importante, mas não é o suficiente. Para ser um bom professor de crianças, é necessário compreende-las e amá-las individualmente. É preciso, também, descobrir uma forma que vá produzir a mudança desejada na vida delas. O professor precisa aprender maneiras eficazes que possam guiar a criança no processo de ensino-apredizagem. A utilização de histórias pode torna-se um excelente veiculo na consecução dos fins desejados.
A história tem a propriedade de ser um estímulo ao “desenvolvimento da atenção, da imaginação, da linguagem, de hábitos saudáveis; amplia o horizonte das idéias e do conhecimento”. (SMITH, Peggy Jo e RÊGO, Silvania Cristina B. A criança de 0 a 3: orientação para o Ensino. Rio de Janeiro: UFMBB, p.85)
Conquanto quase todas as pessoas já tenham ouvido histórias durante sua vida, não é verdade que qualquer uma saiba contar bem. É uma verdadeira arte e um privilegio de poucos, o saber contar histórias. E como arte, pode ser desenvolvida através da prática e do treinamento. Uma história ou conto é um acontecimento real ou imaginário. Pode ter como personagens coisas, animais ou pessoas. As crianças amam as histórias. Elas gostam mais ainda, quando são contadas por alguém que sabe faze-lo.
O professor experiente possui sua própria forma de contar histórias, mas, ainda que já tenha uma certa experiência nessa arte, todo professor deve procurar melhorar ainda mais. Seguem algumas sugestões importantes:
1 - Antes de começar a contar a história, o professor deve se assegurar de que todas as crianças estejam bem acomodadas. As crianças podem e devem ser colocadas em circulo ou assentadas no chão. E o professor, na medida do possível, deve faze-lo também. Seria bom se o professor sempre pudesse ficar no mesmo plano que seus alunos.
2 - O professor de assegurar-se de atraiu a atenção de seus alunos antes de iniciar o relato da história, olhando nos olhos de cada criança, e não somente de algumas. Agindo assim, a criança sentirá que o professor sabe que ela está ali, escutando-o. Cada criança deve sentir que o professor está contanto a história para ela própria.
3 - É necessário que o professor envolva-se por completo com a história. Ele precisa ser capaz de transmitir aos ouvintes com o maior realismo possível tudo aquilo que os personagens viveram na realidade (no caso de um fato verídico). Ele não pode transmitir apenas o “conhecimento” da história, mas precisa “vivê-la”. Somente isto a tornará “real” para a criança.
4 -O professor precisa envolver não só sua mente, mas também todo seu corpo, na transmissão da história. Mãos, pés, olhos, gestos, sorrisos, tudo precisa concorrer para transportar para a imaginação das crianças informações que as façam envolver-se com o enredo da história.
5 -É necessária uma atenção especial para com a voz. Ela precisa soar clara, flexível, agradável. É preciso cuidado na pronúncia das palavras. Elas precisam ser bem compreendidas e decodificadas por seus ouvintes. Para isso, faz-se necessária uma adaptação da voz aos personagens da história e ao vocabulário dos ouvintes. As palavras precisam transmitir toda a intensidade vivida pelos personagens da história.
6 - Quanto aos diálogos entre as pessoas na história, o professor deve usar citações diretamente. É melhor não usar os verbos: “disse”, “perguntou”, “respondeu”. Por exemplo: “Aonde vamos mamãe? – perguntou João”. É óbvio que é João que está perguntando, e por isso não é necessário dizer: “perguntou João”. Identifique as pessoas da história pelos tons da voz.
7 - Para que o professor possa ter um bom desenvolvimento, é necessário não sobrecarregar a história com descrições sem importância. Isto torna a história cansativa aos ouvidos das crianças. Com o tempo e a prática, cada professor notará aqueles detalhes que mais prendem a atenção de seus respectivos alunos. Entretanto, sempre haverá uma variação, de acordo com cada faixa etária e a realidade de cada um deles.
8 - É importante que o professor utilize palavras que denotem ação, como: andar, correr, fazer, ir. Isto dá à história movimento ação e interesse.
Além destas sugestões, é importante considerar o seguinte: Se as crianças, durante o relato, estiveram inquietas e perderem facilmente o interesse pela história, pode ser que:
a) A história seja muito longa;
b) A história não seja apropriada para idade;
c) A história não esteja sendo bem contata.
O professor deve avaliar com atenção as reações das crianças após contar a história. É importante saber se elas mantiveram sua atenção fixa; após o termino da história fizeram alguma pergunta; ou quais foram os comentários ou resultados alcançados.
Levando–se em conta que as crianças gostam de ouvir sobre assuntos familiares, a história deve incluir pessoas, lugares e incidentes que já sejam familiares a elas. Isto se aplica a qualquer tipo de história, tanto de ficção como verídicas.
Entretanto, as crianças também gostam de ouvir sobre pessoas, lugares e coisas desconhecidas, como, por exemplo, crianças de outros países e sua maneira de viver. Isto pode incluir sua comida, roupa, casas e experiências. Lembre-se de que deve referi-se aos detalhes, mas não deve sobrecarregar seu relato com eles.
Você notará a importância das histórias pela maneira como as crianças participam das atividades subsequentes. À guisa de conclusão, três recomendações importantes para quem deseja ser um bom contador de histórias:
1 - Evite ler história quando ela destina-se um grupo de crianças. Esta é uma prática válida somente quando se trata de apenas uma criança, nunca de um grupo. Se você ler a história para as crianças, elas facilmente notarão que você não está adequadamente preparado. E muitas vezes são sinceras e corajosas o suficiente para confronta-lo com este fato. O melhor método a ser seguido é o de ler várias vezes a história, assimilar seu conteúdo e transmiti-la com suas próprias palavras. Evite decora-la ao pé da letra. Use sua criatividade.
2 - Evite utilizar figuras ou qualquer outro recurso audiovisual que não estejam em bom estado de conservação. Não os utilize se estiverem sujos, rasgados, amassados. As crianças merecem o melhor, e invariavelmente observam quando não recebem esse tratamento.
3 - As histórias bíblicas trazem ricas oportunidades de aprendizagem: ensinar sobre o amor de Deus e a história do seu povo e sobre a mensagem de Jesus. Procure contar as histórias bíblicas sendo fiel a sua narrativa, mas utilizando vocabulário adequado, considerando a faixa etária das crianças com quem trabalha.
fonte: www.batistas-mg.org
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