INTRODUÇÃO
Fomos criados para a adoração de Deus.
Esse é um dos propósitos da vida. Isso significa que só viveremos plenamente e
com satisfação se estivermos diante dEle em adoração. A queda (Gn 3),
entretanto, interferiu no relacionamento do ser humano com o seu Criador. Antes
do pecado, eles se encontravam diariamente no Jardim do Éden para momentos de
rica comunhão. Após a desobediência, ao perceberem a aproximação de Deus, “que
andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia” (Gn 3.8, NVI), Adão e sua
mulher se esconderam entre as árvores. Estavam rompidos os laços relacionais
entre a criatura e o Criador. A partir de então, o homem passou a direcionar o
seu impulso adorador para outras direções. Os cultos a si mesmo, a outras
pessoas e a outros deuses logo começaram a tomar o lugar da devoção ao único e
verdadeiro Deus. O ser humano criou religiões, ritos e ensinamentos que lhe
possibilitassem expressar sua vocação adoradora.
Em Jesus Cristo encontra-se o
ápice do plano divino para resgatar a humanidade para si e restaurar o
relacionamento que foi rompido. Ele é o mediador entre Deus e os homens (cf.
1Tm 2.5). Através dEle, o homem, regenerado em seu espírito e justificado pela
fé, pode ter novamente comunhão com o seu Criador e adorá-Lo, direcionando
corretamente, assim, o seu impulso adorador.
Em certa ocasião, quando passava por
Samaria, indo da Judéia para a Galiléia, Jesus encontrou-se com uma
mulher samaritana à beira de um poço. Após algum tempo de conversa, Ele começou
a ensiná-la sobre a verdadeira adoração, confrontando-a em sua
experiência religiosa. É sobre isso a ministraço do nosso Núcleo Familiar de
hoje.
DESENVOLVIMENTO DO ENSINO
Texto-base: João 4.20-24
Adorar, no Novo Testamento em português,
na maioria das vezes, é a tradução do verbo grego proskuneo. Esse
verbo tem o significado de prostrar-se aos pés de alguém e beijá-los, demonstrando
humildade e submissão. Ele aparece sete vezes neste diálogo entre Jesus e a
samaritana. Nesse encontro, o mestre estabelece três contrapontos, afirmando a
partir deles características da verdadeira adoração.
1. Local sagrado x Qualquer local
Nossos pais adoravam neste monte; vós,
entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Disse-lhe Jesus:
Mulher pode crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em
Jerusalém adorareis o Pai (vv.20,21).
O primeiro contraponto feito por Jesus refere-se ao
local onde a adoração deveria acontecer. Na época, havia uma disputa entre
judeus e samaritanos sobre qual era o lugar autorizado de culto a Deus. Os
judeus afirmavam ser Jerusalém, cidade escolhida por Davi para
ser a sede do
governo e da religião de Israel (cf. 2Sm 5-7), enquanto os
samaritanos diziam ser o monte Gerizim (o monte da benção, cf. Dt 11.29;
27.12), onde eles haviam instalado um templo rival e um culto alheio ao de
Jerusalém. Jesus vai além daquela controvérsia e ensina que estava chegando um
tempo (a nova aliança) em que a adoração ao Pai não seria nem em Jerusalém, nem
em Gerizim. Ela seria independente de um local sagrado, de um templo e de
sacrifícios e ofertas, sendo realizável onde quer que o adorador estivesse.
A morte de Cristo na
cruz foi um sacrifício perfeito e definitivo a Deus para o perdão dos pecados,
anulando, assim, o sistema sacrifical da lei de Moisés e a necessidade de um
templo (cf. Hb 9.23-10.18). Na nova aliança, cada crente em Jesus
Cristo é um santuário no qual Deus, pelo seu Espírito, habita. “Não sabeis
que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co
3.16). “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo,
que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?”
(1Co 6.19). “Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque
nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e
andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (2Co 6.16).
Sendo nós templos do Deus vivente, qualquer local em que estivermos é um lugar
de adoração ao Pai. Não dependemos, portanto, do edifício da igreja ou de
qualquer outra construção para adorá-lo.
1.Sua adoração a Deus tem extrapolado os limites dos cultos que
acontecem na igreja e tem invadido sua casa, local de trabalho e escola?
2.Você tem consciência de que, sendo templo do Espírito Santo, você é um
depósito do Deus vivente e que todas as suas atitudes podem ou não expressar
adoração a Deus?
2.Religiosidade x Intimidade
Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a
salvação vem dos judeus (v.22).
O segundo contraponto fala sobre
conhecer ou não o objeto da adoração. Tanto no Antigo quanto no Novo
Testamento, o verbo conhecer não faz referência apenas a uma atividade
intelectual de pesquisa e obtenção de informações. Ele também se refere à
experiência de conhecer uma pessoa intimamente através de um relacionamento. Um
bom exemplo disso é o texto de Gênesis 4.1, que diz: “E conheceu Adão a Eva,
sua mulher, e ela concebeu”. Outras versões traduzem “conheceu” por “coabitou”
e “teve relações”. Esse versículo, através do verbo conhecer, nos informa que
Adão teve relações sexuais com sua mulher, talvez o momento de maior intimidade
de um casal. É sobre esse conhecimento relacional e experiencial que Jesus está
falando com a samaritana em João 4.22. Ao afirmar que os samaritanos adoravam o
que não conheciam, Ele admite a possibilidade de existir uma adoração
desvinculada de uma intimidade com o Deus a quem se adora. Essa, com certeza,
não é uma adoração verdadeira e que o Pai deseje. Uma adoração assim, não passa
de uma religiosidade vazia. O desejo do Pai é que nos relacionemos com Ele de
modo a conhecer a sua intimidade. Somente assim poderemos adorá-lo verdadeiramente.
1.O conhecimento de Deus se dá, por exemplo, através da leitura da
Bíblia, da oração e de momentos de louvor e adoração. Quanto tempo do seu dia
você tem dedicado a isso?
2.Sua vida cristã tem se baseado em uma religiosidade vazia ou em um
relacionamento com Deus?
3.Ritualismo e hipocrisia x
Espiritualidade e verdade
Mas vem a hora e já chegou em que os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são
estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os
seus adoradores o adorem em espírito e em verdade (vv.23,24).
O terceiro
contraponto estabelecido por Jesus está intimamente ligado a um atributo de
Deus. Ele afirma que Deus é espírito, ou seja, um ser imaterial, desprovido de
corpo físico. Por isso, a adoração a Ele deve ser em espírito e em verdade. O
homem, além de um corpo físico, possui também uma parte imaterial, composta de
alma e espírito, também chamada de homem interior. Desse ponto (do espírito) é
que nasce a verdadeira adoração. Ela não é apenas um ritual externo. Se assim
fosse, seria um ato vazio e hipócrita, sem a verdade que o Pai requer. Em
Marcos 7.6,7, Jesus confronta os fariseus e escribas por estarem preocupados
apenas com o exterior. Ele lhes diz: “Bem profetizou Isaías a respeito de
vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios,
mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas
que são preceitos de homens”. A adoração que Deus procura não é um ritual
de músicas, gestos e danças
simplesmente. Ele busca um culto que brote do coração e que seja, assim,
verdadeiro e sincero. O ritual, entretanto, não deve ser desprezado. O problema
está no ritualismo. A questão é que nossas atitudes externas (cantar músicas,
levantar as mãos, dançar, etc) devem ser motivadas por algo que está
acontecendo internamente. O culto a Deus deve ser integral: corpo, alma e
espírito. Portanto, aqueles que, por outro lado, dizem estar prestando uma
adoração a Deus apenas no coração, não expressando isso com o corpo, também não
estão no ponto que Deus quer. A Bíblia também nos incentiva a adorar a Deus com
os lábios (Hb 13.15; Sl 63.5), com instrumentos musicais (Sl 150.3-5),com
cânticos (Sl 149.3; Sl 47.6,7), com as mãos erguidas (Sl 63.4; 134.2), com gritos
de júbilo (Sl 47.5), etc. Além disso, como está escrito na introdução desta
lição, a palavra grega para adoração significa prostrar-se aos pés de
alguém e beijá-los, uma atitude física.
1.A adoração que você oferece a Deus nos cultos da
igreja, nos Núcleos Familiares ou em seu momento a sós com Deus tem sido em
espírito e em verdade, ou tem sido um ritual vazio e hipócrita?
2.Você tem expressado a Deus a adoração que está em seu coração através
de atitudes externas, ou seu culto tem sido apenas algo interno?
Jesus ensinou à samaritana e nos ensina
hoje que o Pai está à procura de verdadeiros adoradores. Por isso, é urgente
começarmos a praticar suas palavras registradas em João 4.20-24 o
quanto antes. Para isso, entretanto, é necessário abandonarmos alguns conceitos
antigos e errôneos, e sairmos da nossa zona de conforto e de uma posição
cômoda. Na próxima oportunidade que você tiver de adorar a Deus, lembre-se dos
três princípios ensinados nesta lição e procure aplicá-los. Será um
importante passo rumo ao que Deus quer de você como adorador.
DESAFIOS
Já que aprendemos que a adoração
independe do lugar onde você estiver, baseia-se em um relacionamento
pessoal com Deus e deve ser uma expressão de algo que está no coração, então:
1.Em um culto público, dedique-se à
adoração como um dos propósitos de sua vida;
2.Separe 30 minutos do seu
para dia para ter um momento a sós com Deus. Nesse tempo, ore, adore a Deus
através uma música e leia uma porção das Escrituras;
3.Tenha em mente que a adoração é um
estilo de vida. Então, viva adorando!
IGREJA BATISTA DO CALVÁRIO – SÃO JOÃO DO
PARAÍSO - MG
www.ibatistacalvario.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário