quarta-feira, 15 de maio de 2013

Oratória: a arte de falar em público

Entrevista com Reinaldo Polito Publicado em 14.05.2013
Não importa qual seja a sua formação ou atividade profissional, se tiver necessidade de falar para grupos de pessoas, ou conversar com alguém isoladamente, com certeza, você vai ter que pensar em como "anda" a sua "comunicação".

Alguns precisam vencer o medo de falar em público, outros, vencer os vícios irritantes de usar o "né?", "tá?" "então". Há os que querem ser "modernos" e  se atrapalham usando recursos demais. Não podemos esquecer daqueles que fazem de cada frase uma piada, que só tem graça para ele mesmo.Enfim, a arte de falar bem em público é um tema cada vez mais necessário em nossas vidas. 

O Instituto Jetro entrevistou Reinaldo Polito que atua como professor de Oratória para executivos, políticos e profissionais liberais desde 1975.

Prof. Reinaldo Polito é Mestre em Ciências da Comunicação, professor de oratória nos cursos de pós-graduação da ECA-USP, palestrante e escritor. Pós-graduado com especialização em Comunicação Social pela Fundação Cásper Líbero, em Administração Financeira pela F.G.V. e em Administração Financeira pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo. Formado em Ciências Econômicas e em Administração de Empresas pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo.

Publicou 20 livros sobre a arte de falar, com mais de um milhão de exemplares vendidos. Para conhecer o site do entrevistado acesse http://www.polito.com.br/.

Reinaldo Polito 
Como posso vencer o medo de falar em público? Como começar bem uma preleção?POLITO - As questões estão intimamente relacionadas. É mesmo no início da preleção que o nervosismo ocorre de maneira mais acentuada. Para combater o medo de falar em público é preciso:
a- Conhecer o assunto com profundidade. O pregador não pode saber apenas a matéria nos limites que vai apresentar. É preciso sobrar informação. Se tiver de falar por quinze minutos, precisa ter estoque de assunto para sustentar sua pregação pelo menos por meia hora. Esse conhecimento extra dará mais tranquilidade e passará mais confiança em sua apresentação.
b- Ordenar o discurso de forma lógica e concatenada. Se o pregador não sabe os passos que vai dar, corre o risco de se sentir inseguro e de se perder. Por isso, precisa organizar sua preleção etapa por etapa:

              1. Início - Depois de cumprimentar os ouvintes com simpatia, amabilidade e gentileza deve se dedicar à conquista do público. Para dar uma chacoalhada na plateia deve usar uma

frase que provoque impacto. Uma informação "bombástica" que faça os ouvintes perceberem que podem "arder no fogo do inferno" ou ter a esperança de gozar a felicidade eterna do Céu.
Essa deve ser a regra para o início da pregação: sair da mesmice, do lugar comum. Se a plateia sentir que o pregador vai dizer o que já ouviu muitas vezes, ou o que já imaginava que seria pregado não se sentirá estimulada a acompanhar seu raciocínio. Quanto mais diferente, mais inusitado o começo, melhor será para conquistar o interesse do público.
O pregador pode conquistar os ouvintes no início também com elogios sinceros, com uma história curta e interessante, com uma passagem bíblica instigante, com uma reflexão curiosa, ou outro recurso que julgue importante para a circunstância.

               2. Preparação - nessa etapa o pregador deve informar com clareza e objetividade qual o tema que pretende desenvolver. Ainda na preparação o pregador deve ajudar os ouvintes a compreenderem o tema que será desenvolvido. Se pretende dar solução a um problema da vida deles, deve aqui esclarecer qual o problema. É nessa etapa também que deverá informar quais as partes do assunto que pretende abordar.

                3.  Assunto Central - No assunto central o pregador desenvolverá o tema, dará solução ao problema e cumprirá as partes que prometeu abordar.
No assunto central irá se valer de citações bíblicas, das palavras dos profetas e dos testemunhos dos homens de reputação ilibada para confirmar suas afirmações.
Se perceber algum tipo de resistência da plateia com relação à sua pregação, este é o momento em que deverá defender seus argumentos, de preferência com base nas passagens da Bíblia, pois essas serão sempre irrefutáveis.

                4. Conclusão - No final o pregador fará uma rápida recapitulação do tema da sua pregação e pedirá que os ouvintes reflitam ou ajam de acordo com suas orientações.

c- Praticar bastante - Só a prática e a experiência proporcionarão a tranquilidade e a segurança que o pregador precisa para se apresentar bem. Por isso, precisa aproveitar todas as oportunidades que puder para falar diante de grupos de pessoas. Mesmo que não esteja muito confiante deverá falar onde puder se apresentar. A cada experiência que tiver irá se sentir mais seguro e confiante.
d- Identificar suas qualidades - O pregador deve ter consciência das qualidades que possui. De maneira geral só nos preocupamos em descobrir quais são nossas falhas e imperfeições e nos esquecemos de avaliar quais são os nossos pontos positivos. Deve observar se tem boa voz, se sabe contar bem uma história, se tem presença de espírito. Para falar em nome de Deus, com certeza, devem ser exploradas as qualidades. Quando o pregador estiver consciente de seus pontos positivos irá se sentir mais seguro para falar em público.
Quais são suas considerações para o uso das tecnologias como: tablet, smartphone e os recursos visuais como: Datashow, entre outros.POLITO - Cada vez mais a tecnologia está presente na arte de falar em público. É cada vez maior o número de oradores que usam tablets para ler discursos ou como recurso de apoio. A tecnologia, entretanto, deve ajudar e não atrapalhar. O excesso de uso de aparelhos, quase sempre, mais atrapalha que ajuda. Se o pregador tiver domínio total de um aparelho e se sentir confortável em usá-lo diante do público, não haverá problema em se valer da tecnologia. Por outro lado, fazer uso da tecnologia apenas para mostrar que está atualizado, poderá torná-lo inseguro e prejudicar o resultado da apresentação.

Se o orador falar sem uso dos visuais, depois de três dias os ouvintes se lembrarão apenas de 10% do assunto tratado. Se fizer uso de visuais, depois dos mesmos três dias os ouvintes se lembrarão de 65% do que foi tratado. Portanto, o visual pode ser mesmo um excelente recurso de apoio. Um visual deve atender a três objetivos essenciais: destacar as informações importantes, facilitar o acompanhamento do raciocínio e permitir que os ouvintes se lembrem de mais informações por tempo mais prolongado. Se esses objetivos não puderem ser atingidos, o visual deve ser dispensado.

Qual é a melhor técnica para falar em público?POLITO - A melhor técnica para falar em público passa por um conjunto de aspectos que precisam ser observados. A melhor delas nem é uma técnica. Na verdade chega a ser a ausência da técnica: a naturalidade. Só a naturalidade, entretanto, não é suficiente. Para que a comunicação tenha credibilidade e atinja seus objetivos o orador deve falar com energia e emoção. Se não demonstrar envolvimento pelo assunto, não poderá pretender que as outras pessoas se interessem e se envolvam. É essa conjugação da naturalidade e da emoção que envolve e conquista o público.
Além desses dois aspectos, é preciso ter boa voz. Falar com volume adequado ao ambiente, manter ritmo agradável alternando velocidade da fala e volume da voz, pronunciar bem as palavras para que sejam bem compreendidas.
O vocabulário deve ser apropriado ao tipo de público, sem vícios como os irritantes "né?", "tá?" "ok?" e "ããããã", "ééééé".
A postura deve ser elegante, sem afetação. Os gestos precisam ser moderados e acompanhar bem o ritmo e a cadência da fala. A fisionomia precisa ser arejada e a comunicação eficiente para analisar a reação dos ouvintes e valorizar a presença das pessoas no ambiente.

Quais as características de uma preleção/palestra/pregação excepcional?
POLITO -
A boa pregação é aquela que atinge o objetivo proposto. De nada adianta o pregador falar com a mais esmerada técnica, impressionar os ouvintes, mas não realizar sua proposta. Se o pregador conseguir o que havia se proposto, converter pessoas, impedir que continuem pecando, propaguem a palavra de Deus, mesmo que aparentemente não tenha se expressado bem, sua pregação foi excepcional.
Para isso, normalmente, deve estar muito bem preparado, falar com entusiasmo, adequar a mensagem ao tipo de público e usar os argumentos que consigam convencer ou persuadir a plateia.

Como ter sucesso na oratória dispensando inclusive o uso dos recursos visuais?POLITO - Os recursos visuais ajudam os ouvintes a acompanhar o raciocínio com mais facilidade, permitem que a plateia se lembre das informações por tempo mais prolongado e tornam a apresentação mais atraente. Se o pregador tiver habilidade para contar histórias interessantes, souber usar com competência a presença de espírito, criar expectativa sobre o que vai dizer e fizer com que os ouvintes acreditem nos benefícios que a pregação irá proporcionar, o espetáculo desse tipo de apresentação poderá substituir até com vantagem o uso dos visuais.
O que a vida lhe ensinou sobre a comunicação?POLITO - A vida me ensinou que a comunicação é o maior bem que uma pessoa pode receber. Quem fala bem abre todas as portas que precisa para se realizar e ser feliz. É com a boa comunicação que se leva a palavra de Deus, que se resolve problemas, que se conquista a paz e se acaba com as guerras. É com a comunicação que conquistamos amigos e afastamos intrigas e inimizades. Quanto mais eficiente for a comunicação mais completa será uma pessoa.
Quais os erros mais perigosos na oratória?
POLITO -
O maior de todos os erros é ser artificial. Por mais elaborada que seja a técnica, se a comunicação for artificial, não haverá confiança e credibilidade.
Outro erro é falar sem levar em conta as características e aspirações dos ouvintes. Quem fala por falar sem avaliar quem são os ouvintes só acerta por acaso.
Não saber quais os objetivos que se deseja atingir também impede que o orador canalize seus esforços no que deve ser importante na sua comunicação.

O Sr. fala sobre a importância de encerrar bem: "expressões mágicas ajudam a encerrar apresentações". O que diria sobre este momento?
POLITO -
O final deve ser emocionante. O orador deve dedicar bastante tempo para elaborar uma conclusão que leve os ouvintes a refletir ou agir de acordo com sua proposta.
Se, por acaso, na hora de concluir o orador sentir que a mensagem foi inconsistente ou a inflexão de voz inadequada, poderá se valer de algumas expressões que são mágicas para a conclusão: "assim sendo", "dessa forma", "com isso", "assim eu espero que". Essas expressões levam naturalmente à conclusão.

Quais são suas dicas e conselhos para pastores e líderes cristãos? E o que todos, mesmo aqueles que não exercem liderança, deveriam saber e fazer quanto à comunicação?
POLITO -
Deve desenvolver um estilo próprio e autêntico. Querer copiar o estilo de outro pastor porque admira sua maneira de pregar é um grave erro. Se agir assim, por melhor que seja sua comunicação, na melhor das hipóteses será sempre apenas uma boa cópia. Estude cada vez mais e procure entender o que as pessoas que procuram a igreja desejam. Assim, entre as infinitas possibilidades de pregação escolherá aquela que fala diretamente ao coração e às necessidades do público. Haverá situações em que o pastor perceberá que a mensagem que preparou não é apropriada àquele público. Nessas circunstâncias deverá ser ousado e fazer as modificações que julgar conveniente para atender à nova realidade.

Reprodução Autorizada desde que mantida a integridade dos textos, mencionado o autor e o site http://www.institutojetro.com/ e comunicada sua utilização através do e-mail artigos@institutojetro.com

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